Parte dos cadastrados não conseguiu receber ajuda de custo, reclama federação
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quarta-feira, 02 de fevereiro de 2000
Por Roberta Jansen
Rio, 02 (AE) - O primeiro dia de pagamento da ajuda de custo da Petrobras aos pescadores e comerciantes da Baía de Guanabara prejudicados pelo vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo foi marcado por reclamações. De acordo com a Federação de Pescadores do Estado, pelo menos cem pessoas cadastradas pela empresa não conseguiram receber o dinheiro ou receberam menos do que esperavam.
A Petrobras informou que os prejudicados deverão ir aos 13 postos de atendimento montados pela empresa nas praias atingidas - São Gonçalo, Magé, Ramos, Ilha do Governador e Paquetá. A federação voltou a reclamar do cadastramento da estatal e dos valores da ajuda de custo. "Temos 20 mil pescadores cadastrados na baía e sabemos que 50% foram atingidos diretamente pelo vazamento", afirmou o presidente da federação, José Maria Pugas. "Isso sem falar naqueles que pescam em mar aberto, mas estão sendo prejudicados porque o preço do peixe despencou."
A empresa cadastrou, inicialmente, 5.709 pessoas, mas constatou que 246 delas haviam se cadastrado mais de uma vez. Refeitas as contas, começou a pagar hoje, em oito agências bancárias, a ajuda de custo a 5.463 pescadores e comerciantes. Segundo Pugas, a Petrobras não levou em conta as pessoas que moram em outras regiões, mas vivem da pesca na Baía.
O valor da indenização, mensal e que será paga até que o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Natuais Renováveis (Ibama) libere a pesca na baía, varia de R$ 150 a R$ 500. A estatal informou que o valor foi acertado com os líderes comunitários das regiões afetadas, com base no rendimento médio dos trabalhadores nessa época do ano.
"Esse valor foi subestimado", garantiu Pugas. "Estamos no período de alta produção, em que os pescadores chegam a ganhar até R$ 2 mil por mês." Pugas criticou também a forma de a Petrobras cadastrar as pessoas."Tem muita gente que não é pescador cadastrado e muito pescador que está de fora", explicou, lembrando que a empresa se recusou a usar o cadastro da federação. Segundo denúncias recebidas pela entidade, há padeiros, eletricistas e até traficantes de drogas recebendo a ajuda de custo.