Em evento na manhã desta quarta-feira (11), o governo do Paraná e a PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Londrina assinaram um termo de cooperação para transformar os hospitais da Zona Norte e Zona Sul em uma "escola" para os alunos de Medicina da instituição. A partir de agora, os estudantes poderão atuar como internos nos hospitais em modalidades como clínica médica e pediatria. O objetivo é promover a qualificação prática dos futuros profissionais ao mesmo tempo em que eles podem prestar um serviço para toda a comunidade.

O secretário estadual de Saúde, Beto Preto, reforçou que o objetivo da assinatura do termo de cooperação é ampliar a oferta de campos de estágio para os estudantes. Segundo ele, a parceria existe desde o início do ano passado com o HZN e agora é ampliada para o HZS. O secretário sinalizou que a meta é expandir a parceria para que recém-formados atuem como residentes nos hospitais já em 2024.

Evelin Ogatta Muraguchi, coordenadora do curso de Medicina da PUC, ressaltou que uma das metas do curso é que os alunos tenham experiência nos vários níveis de saúde. Os estudantes já atuam em Unidades Básicas de Saúde da região e no Hospital Evangélico e a meta era também firmar parcerias com os hospitais secundários, como é o caso do Zona Norte e do Zona Sul.

“Hospitais terciários são de alta tecnologia, que é importante para nós, mas atender a pneumonia básica, a cólica renal e coisas que são do dia a dia do médico também é essencial”, explicou.

Com os estudantes atuando como internos desde janeiro de 2022 no HZN, a coordenadora conta que eles têm acesso a uma enfermaria com 20 leitos em que os alunos e professores atendem e acompanham os pacientes até o momento da alta médica.

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“Tem sido muito útil porque eles aprendem na vivência a prática real, eles têm a supervisão de professores muito gabaritados num cenário de SUS [Sistema Único de Saúde], que para nós é algo extremamente importante”, destacou. Os estudantes de Medicina da PUC já atuam no Hospital Evangélico, em Londrina, no Cristo Rei, em Ibiporã, e no São Rafael, em Rolândia, assim como em Unidades Básicas de Saúde da região.

Os alunos dos anos iniciais fazem a anamnese dos pacientes (entrevista realizada pelo profissional de saúde com o paciente), já estudantes de quinto e sexto anos realizam o atendimento completo, com a supervisão dos professores.

No HZS, os estudantes vão ficar responsáveis pelo pronto atendimento infantil e pela ala de pediatria. Segundo ela, é fundamental que o estudante sinta que é valorizado pelo trabalho que ele exerce e é essencial reforçar o cuidado humanizado do profissional com o paciente. “A gente quer alguém que acerte o diagnóstico, que dê o tratamento correto e que seja atualizado, mas a gente também quer que ele olhe no olho e que converse. É isso que faz a diferença”, afirma.

Reilly Lopes, diretor do HZN, ressaltou que a atuação dos estudantes na ala de clínica médica da instituição vem sendo uma experiência positiva e que “toda a equipe aprende um pouco com os futuros médicos”. Novas vagas serão disponibilizadas para os estudantes e a expectativa é de que no ano que vem eles possam também atuar na área de procedimentos cirúrgicos.

Durante a assinatura do termo de cooperação, Lopes anunciou que o secretário estadual de Saúde, Beto Preto, autorizou o início do projeto para a construção de dez leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em terreno da parte da frente do hospital, que foi doado pelo município de Londrina.

Hoje, o HZS conta com apenas quatro leitos de cuidados semi-intensivos, o que inviabiliza que procedimentos cirúrgicos em pessoas acima de 65 anos possam ser realizados na instituição. “Como tem um risco maior de ter alguma complicação [durante a cirurgia], é preciso ter um leito de UTI de retaguarda para realizar esse procedimento cirúrgico”, explicou.

Com a construção da UTI, esses pacientes não precisarão mais ser encaminhados para hospitais de grande porte, o que ajuda a desafogar todo o sistema de saúde da região.

Diretor do HZS, Geraldo Júnior Guilherme ressaltou que a instituição realiza 820 internações, 600 cirurgias e 3 mil atendimentos ambulatoriais por mês, sendo “um ambiente rico na prestação de serviços para a população ao mesmo tempo em que é um ambiente rico para a formação médica”.

“Essa parceria é uma via de mão dupla: ganha o hospital e ganha a PUC na formação dos alunos”, afirmou. Segundo ele, a parceria prevê a construção de uma sala de aula dentro do hospital.

CIRURGIAS ELETIVAS

Nos últimos meses, os hospitais da Zona Norte e da Zona Sul estão realizando mais de mil cirurgias eletivas todos os meses. Antes da pandemia, esse número não passava de 300.

Os procedimentos envolvendo cirurgias infantis e otorrinolaringológicas, como retirada da amígdala e adenóide, são os mais realizados. “São cirurgias de média complexidade que necessitam de um especialista de grande potencial. Esses médicos são atraídos através dos nossos chamamentos públicos, diminuindo a fila de espera [por cirurgias] de toda a região”, ressaltou o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.

De acordo com o secretário, já foram investidos R$ 300 milhões no programa Opera Paraná e a expectativa é de que no início de 2024 mais R$ 150 milhões em investimentos sejam anunciados.

Segundo ele, ainda existem gargalos, como a ortopedia, mas que em Londrina o Hospital da Zona vem realizando um grande número de procedimentos desta especialidade.

No HZS, de acordo com o diretor Geraldo Júnior Guilherme, são realizadas 600 cirurgias por mês de segunda-feira a sábado, que utilizam todos os centros cirúrgicos e leitos de internação do hospital. Apesar de estar com a capacidade máxima de procedimentos, a solução foi realizar mutirões para reduzir a fila de espera que veio com a pandemia. Antes do encaminhamento para a cirurgia, o hospital realiza consultas ambulatoriais para avaliar a necessidade do procedimento para então o paciente entrar na fila dos mutirões.

ROLÂNDIA

O secretário estadual da Saúde, Beto Preto, também esteve em Rolândia para anunciar R$ 3,5 milhões para a construção de uma nova UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na cidade.

Preto ressaltou ainda a importância da obra de ampliação do Hospital Zona Norte, que vai receber dez leitos de terapia intensiva, assim como a abertura efetiva da maternidade do HU (Hospital Universitário), que está prevista para o dia 31 de outubro.

Além disso, Preto destacou que o governador Ratinho Junior deve vir para Londrina nos próximos dias para assinar a ordem de serviço para a construção de três UPAs nas zonas norte, sul e leste da cidade. “Essas obras vão ajudar a desafogar o atendimento de urgência e emergência em toda Londrina.”