Em meio a um cenário com altas taxas de ocupação nos hospitais e preocupação dos agentes públicos de saúde sobre uma explosão no número de novos casos da Covid-19 após as festas de final de ano, o Paraná ultrapassou a marca de 400 mil casos confirmados desde o início da pandemia. O atual cenário epidemiológico pressionou o governo do estado a renovar pela segunda vez o decreto do toque de recolher. Em Londrina, a Prefeitura fez um balanço positivo da fiscalização em bares e festas durante o final de semana, porém ainda não anunciou regras mais duras para esses estabelecimentos, considerados anteriormente como locais de alto risco para a transmissão do vírus.

Imagem ilustrativa da imagem Paraná ultrapassa 400 mil casos de Covid-19
| Foto: Sergio Ranali-20/5/2020

Conforme o boletim divulgado pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) nesta segunda-feira (28), o Paraná atingiu 401.631 casos e 7.671 óbitos em decorrência da infecção causada pela Covid-19. A ampla maioria dos 2.825 casos incluídos foi confirmada em dezembro. Cinquenta novos óbitos confirmados nesta segunda ocorreram nos últimos 38 dias em cidades como Colombo (5), Maringá (4), Cascavel (3), Lapa (3), São José dos Pinhais (3) e Toledo (3), além de municípios da Região Metropolitana de Londrina, como Arapongas (2) e Cambé (2).

Agora, regras como a proibição da venda e do consumo de bebidas alcoólicas em vias e espaços públicos entre 23 horas e 5 horas está em vigor por mais dez dias a partir desta segunda-feira. A prorrogação do decreto publicado pelo governador Ratinho Junior também visa evitar confraternizações e eventos com mais de dez pessoas. No entanto, exclui a virada do ano do seu período de vigência. A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Sesa, porém sem sucesso até o fechamento desta edição.

LOTAÇÃO

A Secretaria de Saúde de Londrina colocou um número de telefone (0800 400 1234) à disposição dos londrinenses e visitantes para a busca por informações sobre a Covid-19 em horário comercial. Enquanto a cidade acumulou 20.892 casos e 425 óbitos nesta segunda-feira, o principal equipamento de saúde pública de Londrina, o HU (Hospital Universitário) de Londrina passou a operar acima do seu limite.

Segundo a diretoria da instituição, a taxa de ocupação de todos os leitos de UTI da instituição chegou a 117%. Já os leitos de UTI exclusivos para o tratamento da Covid-19 estavam 85% ocupados: 48 pacientes precisaram dividir uma ala destinada a 41, ilustrou a diretora superintendente em exercício, Luiza Moriya.

De acordo com ela, a preocupação estende-se ao adoecimento de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos em enfermagem e demais profissionais que enfrentam a pandemia na linha de frente. Atualmente, 69 servidores do hospital estão afastados, sendo 36 com o diagnóstico de Covid-19 confirmado e 30 aguardando os resultados dos exames. "Destacamos que a maioria tem suspeita ou positividade por contato comunitário e temos 63 servidores em trabalho remoto por comorbidades", acrescentou.

A diretoria descartou restringir ou suspender temporariamente o atendimento diante do atual quadro de superlotação. Entretanto, lembrou que mudanças no cenário epidemiológico podem ocorrer muito rapidamente trazendo a necessidade novas medidas. A fala faz uma alusão às primeiras semanas de janeiro, quando reflexos das festas de final de ano são esperados por autoridades médicas e gestores públicos.

Em entrevista à FOLHA, ela reafirmou que a responsabilidade paras evitar a contaminação com o vírus SARS-CoV-2 "deve ser de todos", já que "não é possível impor aos hospitais e serviços da saúde que providenciem leitos, equipamentos e recursos humanos necessários para toda e qualquer situação, inclusive a de colapso", lamentou.

Outra instituição que passou a operar perto do limite da capacidade na ala destinada ao tratamento de pacientes com quadro grave de Covid-19 foi o Hospital Evangélico. De acordo com a assessoria de imprensa, os dez leitos de UTI Covid que o hospital possui foram ocupados nesta segunda e pelo menos 33 dos 36 leitos de enfermaria para o tratamento da doença também receberam pacientes diagnosticados.

Já de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a taxa de ocupação dos leitos de UTI exclusivos para o tratamento da Covid da rede pública ficou em 78% nesta segunda-feira. Houve um salto na taxa de ocupação dos leitos de enfermaria destinados ao tratamento da Covid-19, de 60% há cinco dias para 92% neste final de semana e 79% nesta segunda. Mesmo assim, o índice geral de ocupação dos leitos de enfermaria de Londrina ficou em 44%, divulgou o município. A reportagem entrou em contato com o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.