O Ministério da Saúde avaliou na tarde desta quinta-feira (2) que o volume de equipamentos hospitalares que já foram repassados aos estados e municípios, pelo menos 40 milhões de itens, deve ser suficiente para cerca de 20 dias de trabalho nas unidades hospitalares locais. Uma nota chegou a ser divulgada pela pasta antes do anúncio da assinatura de um contrato de R$ 1,2 bilhão em um esquema de logística para a compra de respiradores pulmonares. A preocupação sobre a queda na oferta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e especialmente de respiradores aumentou depois que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira (1) que os Estados Unidos haviam realizado uma compra em “massa” destes equipamentos da China. O envio de 23 aviões cargueiros norte-americanos para uma verdadeira “limpeza” do estoque chinês teria “sufocado”, também, a negociação dos respiradores com o Brasil.

Imagem ilustrativa da imagem Paraná tem um respirador pulmonar para cada UTI
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A FOLHA apurou que o Paraná possui 3.784 dos mais de 65 mil respiradores pulmonares em solo brasileiro, segundo a página do Ministério da Saúde. No entanto, estes são dados aproximados, uma vez que os hospitais podem ter adquirido novos equipamentos sem ainda terem atualizado estas informações.

A avaliação da Diretoria de Políticas de Urgências e Emergências da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) é que o número é suficiente para condições “normais” e representa aproximadamente um respirador por leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) no estado. Atualmente, o Paraná possui 3.600 leitos de Terapia Intensiva, sendo que 338 para adultos e 17 de UTI pediátrica foram preparados exclusivamente para o atendimento de pacientes diagnosticados com a covid-19.

Questionado, o diretor da Secretaria, Vinicius Filipak, afirmou que o estado adquiriu 50 respiradores de produtores nacionais e segue monitorando o mercado mundial na tentativa de aumentar o parque de equipamentos. No entanto, nesta quinta-feira, as notícias sobre a compra de respiradores pulmonares pelo governo do Paraná, como havia sugerido Mandetta na mesma entrevista, não eram positivas.

“Nós temos hoje 25 hospitais no estado que já têm pelo menos alguns leitos dedicados exclusivamente, leitos de UTI e enfermaria. E este número poderá chegar a mais 70 hospitais dentre da capacidade que tivermos de ampliação. Mas hoje, infelizmente, a Sesa não tem fechada nenhuma compra nova, a demanda é mundial, os componentes ficam um pouco difíceis de se importar”, lamentou.

Dentre várias medidas que vêm sendo aventadas em todo o País, está a recuperação de respiradores antigos e fora de uso e até a fabricação por estudantes das mais diversas áreas do conhecimento, como já anunciado para as próximas semanas por professores da USP (Universidade de São Paulo) e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). No entanto, sejam voltadas à “engenharia” destes produtos ou no campo da inovação pelo design ou funcionalidade, todos as iniciativas precisarão de “fôlego” para a testagem, lembra o diretor.

“Estes ventiladores não são simples. Uma coisa é você conseguir fazer um balão de borracha, outra é você ter pressão e segurança respiratória. A ventilação mecânica de um paciente em estado crítico é muito complexa, precisa haver a salvaguarda de testes operacionais para que esse paciente não seja prejudicado. São iniciativas válidas, mas tem que ter segurança”, avaliou Filipak.

Atualmente, de acordo com o diretor da Sesa, existem dois grandes fornecedores no Brasil, no entanto, eles dependem de toda a cadeia de mercado com componentes e peças que está prejudicada pelo aumento da demanda. Dos 3,7 mil respiradores no estado, 358 estariam em Londrina sendo que, destes, 346 aparecem na lista de equipamentos em uso na cidade. Dentre os 34 londrinenses diagnosticados com a covid-19, quatro necessitam da ventilação mecânica, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Entretanto, a FOLHA não conseguiu contato com o secretário para detalhar a oferta local do aparelho.

Já no final da tarde desta quinta-feira, Mandetta revigorou as esperanças sobre a compra dos equipamentos e anunciou um plano de R$ 1,2 bilhão, no entanto, sem dizer quantos aparelhos serão adquiridos. O que se pode afirmar sobre os valores no período pré-pandemia, é que cada aparelho responsável pela função pulmonar e a oxigenação do sangue poderia custar entre R$ 50 mil e R$ 150 mil. De acordo com o ministro, o governo federal teve que fechar o negócio com a empresa que fez a quinta melhor proposta e que pediu 30 dias para a entrega dos produtos.(Com Folhapress)