Quatro meses depois da primeira confirmação de Covid-19 no Paraná, o Estado atinge a marca de 1.028 mortos pela doença. Agora são 42.058 casos confirmados e a curva de transmissão da doença não tem cedido. Nos três primeiros meses, entre 12 de março e 12 de junho, o número de casos era 8.705 e o de mortes de 294. Já nos últimos 30 dias, a quantidade de infectados pelo novo coronavírus quase quadruplicou e as mortes cresceram duas vezes e meia.

Nos 12 dias de julho, período que coincide com a data que começou a vigorar o decreto 4942/20 do governo estadual, que estabeleceu a quarentena em sete das 22 regionais de saúde, foram 19.435 casos confirmados, marca que o estado demorou três meses e meio para atingir. Já em relação às mortes, foram 392 neste mês, patamar que só foi superado no dia 18 de junho, de acordo com dados da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde).

A curva de transmissão da Covid-19 não tem cedido e os casos continuam crescendo
A curva de transmissão da Covid-19 não tem cedido e os casos continuam crescendo | Foto: Geraldo Bubniak/AEN

De acordo com estudos, a curva de transmissão poderia ter diminuído se a mobilidade da população tivesse sido reduzida ainda mais, com a associação do uso de máscaras à adoção de práticas de higiene de forma mais intensa, mas isso não tem acontecido. Há muita resistência por uma parcela da população em adotar as boas práticas para evitar a propagação do vírus, inclusive alguns se arriscam a realizar festas que desafiam qualquer decreto que estabelece distanciamento social.

Agora, com a vigência do decreto 4942/20 chegando ao fim na terça-feira (14), a expectativa recai sobre a possível decisão do governador Ratinho Junior sobre sua prorrogação ou não. A decisão havia estabelecido a quarentena para 134 municípios divididos em sete das 22 regionais de saúde do Paraná: Cascavel, Cianorte, Cornélio Procópio, Região Metropolitana de Curitiba, Londrina, Foz do Iguaçu e Toledo. Todas deveriam ter fechado as atividades não-essenciais desde o dia 1° deste mês, no entanto houve embate e enfrentamento por parte de alguns prefeitos e empresários contra a decisão do governador e em muitas localidades foi possível ver que estabelecimentos comerciais permaneceram abertos.

Nessa queda de braço entre os poderes executivos municipal e estadual, houve questionamento da análise dos dados. Além da saúde pública, há a preocupação com a saúde de outro paciente: a economia. Empresários relatam dificuldade de manter suas empresas viáveis, já que há dificuldade de fazer a ponte entre os clientes e seus produtos sem abrir as portas. As transações pela internet não acompanharam o ritmo que a maioria deles deseja ou necessita para manter o equilíbrio financeiro.

Ao mesmo tempo, o maior temor é que a curva de transmissão da doença se acelere a tal ponto que os serviços de saúde não consigam atender a demanda. De nada adianta os governantes terem preparado mais leitos de UTI aptos a absorver pacientes com o novo coronavírus se a taxa de transmissão da doença for crescendo em progressão geométrica. Caso isso continue acontecendo há o risco real de colapso da infraestrutura disponível para atender os pacientes.

SITUAÇÃO ATUAL

O boletim da Sesa aponta que em 24 horas houve crescimento de 40.329 para 42.058 casos confirmados de Covid-19. O número de mortes pela doença subiu de 999 para 1.028 . Outros 13.374 se recuperaram. Atualmente o Estado possui 838 internados em leitos SUS e particular com diagnóstico confirmado de Covid-19. Antes esse número era de 847. Dos internados 526 pacientes estão na enfermaria e 312 estão na UTI.

Em relação à ocupação de leitos hospitalares sus e rede privada por pacientes suspeitos ou confirmados com Covid-19, dos 1606 leitos SUS, 924 são suspeitos e 682 tiveram o diagnóstico confirmado para a doença. Dos 284 leitos UTI e clínico da rede privada que se enquadram nesse aspecto, 128 são suspeitos e 156 estão com a Sars-Cov-2.

Dos leitos hospitalares SUS exclusivos para pacientes suspeitos ou confirmados covid-19, há 893 leitos de UTI adulto no Paraná, dos quais 652 estão ocupados 73%. Dos que ficam na macrorregião Norte do Estado, 92 dos 173 estão ocupados (53%). Dos 1403 leitos de enfermaria adulto no Estado, 744 estão ocupados (53%). Sobre os leitos pediátricos exclusivos para pacientes suspeitos ou confirmados Covid-19, 21 dos 37 leitos de UTI existente no Estado estão ocupados (57%). Dos 70 leitos de enfermaria voltado para as crianças, 7 estão ocupados (10%).

Ainda há uma margem na taxa de ocupação de leitos, mas a possibilidade de estreitamento dessa pequena folga é real. Cabe à população e aos governantes decidir como irão lidar com esses dados.