O Paraná registrou a maior média histórica de calor para o mês de agosto nesta terça-feira (20). A temperatura máxima registrada foi de 35ºC. Até o momento, a temperatura mais alta registrada no ano foi em janeiro, com 37,6ºC.

O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) começou a publicar avisos de onda de calor no Paraná em 16 de agosto, com as temperaturas chegando a 5ºC acima da média que representam riscos à saúde. Junto com a onda de calor, houve uma queda severa em relação à umidade do ar, que ficou abaixo de 30% em todo o Estado, chegando a registrar apenas 12% para cidades como Londrina e Maringá.

De acordo com a meteorologista do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural) Ângela Beatriz Costa, a queda na umidade e o aumento da temperatura representam risco para a saúde da população, causando diversos problemas de saúde, como o ressecamento da pele e dos olhos.

"A umidade caiu muito no Paraná. O mínimo registrado hoje [terça-feira] foi de 12%, e a máxima, 45%. No entanto, o ideal para a nossa saúde é em torno de 60%. Nesses casos, a recomendação para a população é evitar exposição ao sol e se hidratar muito", ressaltou a meteorologista.

Esses fatores, além da falta de chuva, que já é característica do mês de agosto, causam um aumento de focos de incêndios florestais. Segundo o Corpo de Bombeiros do Paraná, foram registradas 702 ocorrências de incêndio em vegetação em 125 municípios do estado desde a última sexta-feira (16).

O IAT (Instituto Água e Terra) reforça o aviso de risco elevado de incêndios florestais em razão das questões climáticas. A orientação para quem avistar um foco de incêndio é acionar o Corpo de Bombeiros pelo número 193, também se afastando da área para evitar acidentes. Durante a ligação, a pessoa deve fornecer o máximo de detalhes possível sobre o local e as condições do incêndio, para facilitar a atuação dos profissionais.

Equipes do Instituto Água e Terra (IAT) ajudaram a controlar três incêndios florestais em diferentes regiões do Paraná na segunda-feira (19) em decorrência do clima muito seco no Estado nos últimos dias. Uma das ocorrências se deu no Parque Estadual Vila Velha, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. As chamas atingiram uma área de 100 hectares do local, próximo à linha do trem, mas foram contidas no mesmo dia. A suspeita do Corpo de Bombeiros é que o fogo tenha sido causado por ação humana.

“Para combater o fogo, contamos com um grupo de 45 pessoas, entre agentes do escritório de Ponta Grossa do IAT, de voluntários, do Corpo de Bombeiros, e da concessionária Soul, que administra o parque”, afirma o técnico do IAT responsável pelo Parque Estadual Vila Velha, Juarez Baskoski.

O fogo atingiu também a Floresta Estadual Metropolitana, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. Três focos de incêndio foram registrados na entrada que percorre a linha férrea da Unidade de Conservação (UC), abrangendo cerca de 500 metros quadrados do parque. O fogo foi contido rapidamente com o auxílio dos indígenas que moram no espaço.

“Os indígenas já haviam sido capacitados pelo Corpo de Bombeiros para lidar com incêndios seguindo os protocolos do Programa de Prevenção de Incêndios na Natureza (Previna). Assim, eles imediatamente acionaram o Corpo de Bombeiros e iniciaram as primeiras frentes de combate ao incêndio, e o fogo foi controlado em pouco tempo”, explicou a bióloga do IAT e gerente da Floresta Estadual Metropolitana, Ana Letícia Lowen.

Profissionais do órgão ambiental ajudam na contenção de um incêndio em um conjunto de fazendas que constitui uma Área de Preservação Permanente Ecológica (APP) em Maria Helena, no Noroeste do Estado. O primeiro foco de fogo foi registrado na região na sexta-feira (16) e se alastrou por cerca de 1.000 hectares de mata.

Técnicos do Escritório Regional de Umuarama do IAT trabalharam no resgate de animais silvestres atingidos pelas chamas. Além disso, o helicóptero do órgão usado em ações de fiscalização foi equipado com helibalde e disponibilizado para ajudar nos esforços de contenção do incidente. “O fogo já está controlado, mas a aeronave vai ser usada para lidar com o rescaldo dos focos remanescentes do incêndio”, destaca Luis Carlos Borges Cardoso, chefe do núcleo regional de Umuarama.

QUAL A CAUSA DA ONDA DE CALOR?

O mês de agosto normalmente apresenta uma média de chuva muito baixa, entretanto, neste ano, o Paraná está com uma massa de ar quente e seca que está se comportando como um bloqueio atmosférico, impedindo as frentes frias que poderiam trazer chuvas para a região.

Mas, de acordo com Costa, essa condição começa a mudar a partir de quinta-feira (22). "O sistema de bloqueio vai conseguir ser rompido e vai entrar uma massa de ar de origem. A partir disso, as chuvas voltam a abranger o todo o Estado de maneira gradativa", explica.

A meteorologia apresenta que na quinta-feira, a chuva deve chegar no Oeste do Paraná. Na sexta-feira (23) e no sábado (24), as chuvas deverão atingir todo o estado. "Já na segunda-feira (26), o tempo volta a ficar estável. No entanto, junto com as chuvas, vai entrar uma massa de origem polar, ou seja, já na segunda-feira haverá uma queda nas temperaturas."

Com as temperaturas mais baixas na próxima semana em praticamente todo o Paraná, a qualidade do ar vai melhorar, segundo a especialista. "Haverá um rompimento na névoa de queimadas de outras regiões, como o Centro-Oeste do Brasil, que acabam chegando até o Paraná. A chuva vai ajudar a dissipar a fumaça."