O presidente do Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), Jorge Callado, forneceu na manhã desta sexta-feira (4) novos detalhes sobre a parceria firmada para a produção da vacina russa contra a Covid-19. O próximo passo agora é aguardar a liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a testagem em aproximadamente 10 mil voluntários, o que corresponde à etapa três do processo.

Imagem ilustrativa da imagem Paraná espera liberação da Anvisa para iniciar testes da vacina russa
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A expectativa do governo estadual é que o aval do órgão saia no final deste mês. Com essa permissão, o Estado tem autonomia para aplicar a imunização no voluntariado. Callado informou que as pessoas ainda não foram escolhidas, mas os profissionais de saúde e pessoas do grupo de risco estão na lista dos primeiros que serão vacinados. A intenção é que esta fase comece em até um mês.

Ainda sem estipular prazos, o representante do Tecpar estima que, se tudo transcorrer bem, a vacinação nos paranaenses poderia começar nos primeiros meses de 2021. Cada voluntário irá receber duas doses. A segunda será aplicada 21 dias depois da primeira. "As doses não chegaram porque não temos autorização da Anvisa", declarou Callado.

Segundo um artigo publicado na revista científica The Lancet, a vacina russa Sputnik V é capaz de produzir imunidade contra o novo coronavírus sem desencadear reações adversas graves.

Esta é a primeira vez que os dados sobre os testes com a imunização ficam disponíveis publicamente para cientistas e população. Até então, a falta de transparência sobre o desenvolvimento e os primeiros testes com a vacina gerava desconfiança sobre sua eficácia.

Os resultados publicados são de dois testes clínicos de fase 1 e 2 feitos com 38 voluntários cada -76 no total. Os participantes eram pessoas saudáveis com idades entre 18 e 60 anos. Foram testadas duas formulações da Sputnik V: rAd26-S e rAd5-S.

Na primeira fase de testes clínicos de vacinas, os cientistas avaliam se é seguro usar a imunização. Na fase 2, os pesquisadores procuram pela dose necessária para gerar uma resposta imunológica. Como o teste russo, geralmente são feitos sem necessidade de randomização (escolha aleatória dos participantes) e grupo de controle, que recebe um placebo para comparação de resultados.

De acordo com os resultados, a vacina produziu anticorpos em todos os participantes em cerca de 21 dias após a primeira aplicação. Depois de 28 dias, os pesquisadores também detectaram a produção de células T, outro produto do sistema imunológico que tem um papel importante no combate à doença.

No texto, os autores afirmam que os participantes não experimentaram reações adversas mais sérias. Segundo os dados, as manifestações mais comuns foram dor no local onde a vacina foi aplicada, hipertermia e dor de cabeça, a maior parte de intensidade moderada.

"A OMS jamais vai recomendar uma vacina que não seja comprovadamente segura e eficaz", afirmou nesta sexta o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Segundo ele, a melhor resposta para os que não acreditam em vacinas ou acham que elas são perigosas é mostrar os resultados concretos das campanhas de vacinação, que salvaram as vidas de milhões de crianças em todo o mundo.

"Especialmente os pais não devem acreditar em narrativas, mas olhar por si mesmos o histórico das vacinas. Basta olhar para todos os lugares em que elas salvaram crianças e erradicaram doenças", afirmou Ghebreyesus.(Com Folhapress)