Imagem ilustrativa da imagem Paraná confirma primeiro caso de ômicron e declara epidemia de H3N2

A Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) confirmou, nesta quarta-feira (12), o primeiro caso de contaminação pela variante ômicron no Paraná. O diagnóstico foi feito em Curitiba e o infectado é um rapaz de 24 anos que apresentou sintomas no dia 14 de dezembro de 2021. O teste PCR foi realizado no dia 18 de dezembro pelo Lacen (Laboratório Central do Estado) e a amostra foi encaminhada ao laboratório Fiocruz, no Rio de Janeiro, que fez o sequenciamento genômico. O laudo positivo para a nova variante da Covid-19 saiu nesta manhã.

Em coletiva à imprensa concedida nesta quarta, o secretário estadual de Saúde, Beto Preto, expôs sua preocupação com o aumento crescente do número de casos de Covid-19 registrados nos últimos dias no Estado e alertou sobre as características da nova variante da doença, que tem se mostrado entre duas e três vezes mais transmissível do que a variante delta, "muito semelhante à transmissibilidade do vírus do sarampo".

A ômicron, no entanto, tem resultado em casos menos graves da doença em comparação com outras ondas de contágio, provavelmente em razão da grande cobertura vacinal no Estado e no Brasil. “Os quadros têm sido leves, mas tem paranaenses que não tomaram a vacina ou que tomaram só a primeira dose e não tomaram a segunda dose ou a de reforço. Se não vacinar todo mundo, casos mais graves começarão a acontecer”, destacou o secretário.

Em janeiro de 2021, quando as primeiras doses da vacina começaram a ser disponibilizadas no Estado, havia 1.927 pacientes internados nos hospitais paranaenses. Em janeiro de 2022, com a imunização em estágio avançado, são 492 internamentos. “Entre os internados, 45% não têm o esquema vacinal completo, mesmo índice dos internamentos no Brasil, o que confere característica de pouca gravidade à ômicron para quem tem o esquema vacinal completo. A vacina fez o papel e vamos insistir”, completou o diretor geral da Sesa, Nestor Werner Junior.

O primeiro caso de contágio pela variante ômicron no mundo foi notificado no dia 24 de novembro, na África do Sul. No dia 30 de novembro, foi computado o primeiro caso no Brasil e, embora o primeiro caso no Paraná tenha sido oficialmente confirmado só em 12 de janeiro, o secretário de Saúde acredita que a variante já estivesse em circulação no Estado há mais tempo. “O padrão de contágio mudou há cerca de 15, 20 dias. De lá para cá, temos outro padrão, que lotaram os serviços de saúde. É algo absolutamente diferente. Acreditamos que antes da confirmação, já tínhamos a ômicron circulando.”

Segundo Beto Preto, já há transmissão comunitária da variante ômicron no Paraná, o que pode ser constatado pelo avanço dos casos em janeiro. Nos primeiros 11 dias, foram registrados 40.164 infectados contra 9.165 em todo o mês de dezembro. Só na terça-feira (11), o laboratório da Fiocruz em Curitiba recebeu 15 mil amostras devido ao aumento da testagem nos municípios. “Ano passado, recebemos 464.080 testes rápidos e solicitamos mais um milhão ao Ministério da Saúde.”

EPIDEMIA DE H3N2

Durante a coletiva, Beto Preto também declarou epidemia de H3N2 no Estado. A variante do vírus Influenza foi detectada até agora em 144 dos 399 municípios paranaenses, com 832 casos confirmados até o momento, com 12 óbitos em nove cidades. Dados da Sesa referentes ao período de 11 de dezembro a 10 de janeiro apontam duas mortes em Curitiba, duas em Londrina e duas em Paranaguá e uma morte em cada uma das seguintes cidades: Arapongas, Foz do Iguaçu, Mandaguaçu, Maringá, Marumbi e Japira. As vítimas são seis homens e seis mulheres, com idades entre 44 e 83 anos. "O número já é bem maior do que nos anos anteriores, o que nos remete declarar estado de epidemia, com transmissão comunitária e tendência de aumento nos próximos dias", alertou o secretário.

A vacina contra a nova variação do vírus influenza deve chegar ao Paraná entre março e abril, mas Beto Preto orientou a população fora dos grupos prioritários que não foi imunizada contra o vírus da gripe no ano passado a procurar os postos de saúde para receber a dose. “Ela é uma boa vacina, está à disposição e vai apresentar defesa aos principais vírus da influenza.” Neste momento, o Paraná tem 616 mil doses disponíveis e o secretário fez um apelo para que todos os secretários municipais de saúde ofereçam o imunizante aos cidadãos. As vacinas contra a gripe e contra a Covid-19 podem ser administradas no mesmo dia.

Os cuidados na prevenção contra a Covid-19 e contra a H3N2 são os mesmos. Distanciamento social, uso de máscara e álcool gel. Por enquanto, não está prevista a adoção de medidas restritivas, como a proibição do carnaval nas cidades que não cancelaram o evento. “Todas as medidas estão no nosso radar. Estamos analisando as grandes aglomerações, não só o carnaval, mas shows, mesmo em ambientes abertos. Se continuarmos nesse mesmo ritmo, estaremos com colapso na entrada dos hospitais e muitos casos que vão se proliferando podem trazer junto casos de piora. Precisamos voltar a insistir que as aglomerações são um risco”, salientou Beto Preto.

VACINAÇÃO DE CRIANÇAS

Sobre a vacinação de crianças, o secretário adiantou que será impossível imunizar toda a população de 5 a 11 anos de idade cadastrada antes do início do ano letivo. Na última terça-feira, o Ministério da Saúde divulgou que o primeiro lote das doses pediátricas da vacina da Pfizer contra a Covid-19 deverá desembarcar no Brasil nesta quinta-feira (13), no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). Assim que as doses chegarem ao Paraná, disse Beto Preto, serão imediatamente disponibilizadas ao público infantil.

No entanto, o número de doses inicial será insuficiente para atender toda a demanda. No Estado, há 1,075 milhão de crianças cadastradas, mas apenas 185 mil doses serão enviadas. “A imunização não vai acontecer toda em janeiro. Deve se estender até março e as aulas começam em fevereiro. E com tanta polêmica que tivemos nos últimos meses, talvez a procura não seja muito efetiva.”