Paraná adota toque de recolher para combater aumento dos casos de Covid-19
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 01 de dezembro de 2020
Luis Fernando Wiltemburg - Grupo Folha
O governo do Paraná estabeleceu toque de recolher e o retorno dos servidores estaduais para o teletrabalho como medidas para combater o aumento vertiginoso dos casos de Covid-19 no Paraná.
O anúncio foi feito pelo secretário estadual de Saúde, Beto Preto, em entrevista televisiva na manhã desta terça-feira (1º). As novas medidas foram confirmado por meio de nota pela assessoria de imprensa da pasta no início da tarde e o decreto publicado durante a noite.
O toque de recolher é uma forma de reduzir a circulação do vírus e será das 23h às 5h. Ainda na entrevista, o secretário disse que também são estudados os fechamentos de parques e praças e diminuição de festejos natalinos por parte dos entes públicos.
Na nota oficial, a assessoria de imprensa da Sesa disse que “continuam válidas todas orientações divulgadas desde o início da pandemia da Covid-19 para evitar a propagação do novo coronavírus, como o distanciamento físico, o uso de máscara e a higiene pessoal”, mas que, por meio da pasta, serão produzidos dois instrumentos jurídicos para ajudar a conter a alta disseminação do vírus verificada nos últimos dias.
“Um deles refere-se à restrição de horário para circulação de pessoas no período noturno. A outra recomendará a retomada das atividades de trabalho remoto de servidores estaduais, semelhante à resolução anteriormente publicada pela Sesa”, explica a nota.
Questionado, o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, informou que só vai se manifestar sobre o decreto após a sua publicação.
Medida tem caráter mais pedagógico, diz médico sanitarista
Para o médico sanitarista e professor de medicina da PUCPR Campus Londrina, Gilberto Martin, medidas como o toque de recolher, imposta em um período do dia em que o movimento já é pequeno, tem efeito mais pedagógico que objetivo. "Medidas como essa de estabelecer toque de recolher são medidas que auxiliam no sentido de que pelo menos em um período do dia vai reduzir ao máximo possível a circulação de pessoas. Isso aparenta ter mais efeito subjetivo que objetivo. Lembra estado de sítio, situações graves, porque na verdade não sei se autoridades conseguem hoje ter força para entrar com medidas mais restritivas. A população não está aceitando, está todo mundo exausto, desgastado com o processo de afastamento."
O período noturno, por outro lado, é o horário em que há mais circulação de jovens, um público bastante atingido pela doença e que tem grande potencial de levar a doença para dentro de casa, onde podem conviver com idosos.
O médico considera contraditório, no entanto, a imposição de toque de recolher e a convocação para festividades de fim de ano pelas prefeituras, por exemplo. "Está muito confuso tudo isso. Na verdade, a gente precisaria ter alguns pontos de convergência entre autoridades sanitárias e segmentos da economia para que a circulação fosse um pouco mais restrita. Se a gente conseguisse ter um entendimento mais coletivo e conseguisse reduzir para pelo menos metade as pessoas que estão circulando na rua, não teria a necessidade de medidas como essa do toque recolher, daqui a pouco lockdown." (Mie Francine Chiba/Reportagem Local)
Em Maringá, multa de R$ 200 para quem descumpre regra
A Prefeitura de Maringá publicou ontem novo decreto (1840/2020) estendendo o toque de recolher para o período das 23 horas às 5 horas. A medida está em vigor desde o início da pandemia, mas até então estava sendo imposta da meia-noite às 5 horas. A multa para quem descumpre a regra é de R$ 200 por pessoa, e o infrator também é responsabilizado criminalmente.
O secretário de Fazenda da Prefeitura de Maringá, Orlando Chiqueto, afirma que a medida tem função mais educativa. "Essa função educativa aconteceu de fato porque houve pouquíssimas situações em que houve descumprimento do toque de recolher", avalia o secretário.
A Guarda Municipal e as polícias civil e militar é que fazem a abordagem nas ruas. Se alguém se recusa a voltar para casa, a pessoa é encaminhada à Polícia Civil para um Boletim de Ocorrência. A equipe também faz trabalho de inteligência monitorando as redes sociais. "Sábado retrasado tinha uma festa agendada nas redes sociais com previsão de 1.500 pessoas participarem. Com uma ação conseguimos fazer com que não acontecesse", conta Chiqueto.
O horário do toque de recolher, segundo ele, contribui para evitar que jovens participem de festas clandestinas. "Estabelecimentos privados nós tínhamos controle, mas festas clandestinas a gente tinha muita dificuldade e ajudou nesse sentido."(Mie Francine Chiba/Reportagem Local)
Londrina tem mais três mortes pela doença
O número de casos confirmados de Covid-19 no Paraná nas últimas 24 horas chegou a 2.539, segundo a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde). Ainda no boletim de ontem foram registradas mais 61 mortes em decorrência da doença. O Estado agora soma 282.645 casos e 6.160 mortos em decorrência da doença.
Em Londrina, o boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde trouxe mais três óbitos em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Uma mulher de 69 anos e um homem de 83 morreram nos dias 27 e 29 de novembro, respectivamente. Outra morte que consta no informativo é do dia 19 de setembro, de um homem de 35 anos.
Com os óbitos, Londrina agora soma 354 mortes pela Covid-19. Também foram reportados mais 100 casos confirmados da doença, elevando para 15.239 os diagnósticos positivos na cidade.(Reportagem Local)
Atualizada às 8h28 de 02/12/2020