Parada do Orgulho LGBT+ tem cobrança de políticas públicas
Evento em São Paulo contou ainda com reivindicações sobre direito de família e religião
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domingo, 11 de junho de 2023
Evento em São Paulo contou ainda com reivindicações sobre direito de família e religião
Lucas Lacerda - Folhapress
São Paulo - A 27ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ foi realizada neste domingo (11), na avenida Paulista, em São Paulo, e registrou cobrança de políticas para o público LGBTQIAP+ e a promoção de direitos de família e religião. A concentração acontecia na altura do Masp, onde estava o trio elétrico da Associação do Orgulho LGBT+ de São Paulo. A parada percorreu a rua da Consolação até a praça Roosevelt.
"Nós somos cidadãos de primeira, não de segunda, queremos educação e segurança", afirmou a presidente da associação que organiza o evento, Cláudia Garcia.
Na saída da estação Trianon-Masp da linha 2-verde do metrô, o bloco inter-religioso Gente de Fé reunia integrantes de diferentes vertentes religiosas para pedir o fim à intolerância e o acolhimento de pessoas LGBTQIAP+.
"Ontem [sábado] fizemos um ato inter-religioso no largo do Arouche, e hoje saímos no bloco para pensar sobre criar espaços seguros para que as pessoas possam exercer seu direito à fé", disse Jeferson Batista, 29, integrante da rede nacional de grupos católicos LGBT.
A parada deste ano foi a segunda em que a educadora Cristina Stevanin, 48, participou fisicamente. "É a primeira sem Bolsonaro. Fiz uma caminhada e refleti sobre o ano passado, que foi doloroso, a presidente havia sido ameaçada de morte. Hoje o dia está maravilhoso", afirmou.
No carro de abertura, a deputada federal Erika Hilton (PSOL) disse que o dia é de festa, mas também de luta por direitos. E que é hora de preparar o Brasil para uma presidente travesti.
"Salve, salve, comunidade LGBTQIA+. É dia de festejar, mas de lembrar que estamos nas ruas por um novo projeto de país, de ser e amar, porque nosso povo e nossas bandeiras são plurais. Não aceitamos mais o projeto de país sem as LGBTQIA+. Vamos beijar na boca, beber, com cautela e responsabilidade, porque também é dia de luta e resistência."
Na esquina com a rua Augusta, grupos de partidos como PSTU, PCB e PSOL distribuíam adesivos e discursavam sobre a pressão por direitos para a população LGBTQIAP+ durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Por ali também havia a instalação de um armário, do qual as pessoas podiam sair. "Fazemos desde 2018, e é muito legal, porque as pessoas sempre dão relatos. Podem sair sozinhas, em grupo", disse Larissa Janotti, 28, da companhia de teatro Cia.zero8, enquanto um grupo chutava a porta do armário.
Representantes de diferentes pastas do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), da Justiça, Direitos Humanos e Saúde, incluindo o mascote da vacinação, Zé Gotinha, subiram ao trio elétrico de abertura da parada.
A principal mensagem é que o público LGBTQIA+ agora tem espaço para reivindicar direitos. A cobrança por políticas públicas foi o tema da 27ª edição do evento.
As críticas a Bolsonaro foram de "governo que violou direitos". O ex-presidente também recebeu xingamentos e vaias do público.
FANTASIAS
À frente do carro de abertura da parada, que começou a seguir rumo à rua da Consolação, o público tietava e tirava fotos com a personagem Mulher Maravilha. Ashylla, 52, se monta como personagens, sempre heroínas, para valorizar a luta por direitos. "Nossa luta é nosso orgulho, então sempre temos que estar poderosas", afirmou a paulistana.
Cercada por duas pessoas fantasiadas de lhama, Jessica Evans, com um papagaio pendurado no ombro, participava da sua 27ª edição como Ana Maria Braga. "Já faço há 30 anos, fui ao programa dela [a apresentadora Ana Maria Braga] três vezes e participei de todas as paradas", afirmou.