BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - A epidemia ainda é muito severa no Brasil, mas há sinais de que ela está se estabilizando, afirmou nesta quarta (17) o diretor-executivo da OMS (Organização Mundial da Saúde), Michael Ryan. Segundo ele, no entanto, "este é o momento de redobrar a cautela, pois já vimos em outros países que uma estabilização pode rapidamente se transformar em um aumento".

Ryan afirmou que o país precisa reforçar as medidas de distanciamento físico e higiene e garantir que as comunidades mais carentes recebam apoio para segui-las.

Para o diretor-executivo da OMS, se criar oportunidades para que os brasileiros mantenham o distanciamento e continuar garantindo o funcionamento dos hospitais, o país deve conseguir controlar a doença.

"O Brasil tem uma história de sucesso no combate a pandemias e, se trabalhar de forma coordenada mantendo as medidas de saúde pública em todos os níveis, não há por que não tenha sucesso desta vez também", disse ele.

Cálculos divulgados pelo Imperial College, uma das principais instituições globais de pesquisa de epidemias, mostraram que a velocidade de contágio por coronavírus no Brasil se reduziu pela terceira semana seguida.

A taxa de contágio calculada nesta semana para o Brasil é de 1,05, ou seja, cada 100 pessoas contaminadas transmitem o coronavírus para outras 105, que por sua vez transmitem para 110,25 e assim por diante, fazendo com que a doença se espalhe em velocidade progressiva no país.

Taxas acima de 1, portanto, indicam transmissão fora de controle. Na semana passada, a taxa calculada para o país era de 1,08; no final de abril, chegou a 2,8. Esta é a oitava semana seguida em que o Brasil registra transmissão fora de controle.

A OMS também fez um alerta para que os países reforcem os controles contra doenças que aumentam sua incidência nos próximos meses, como febre amarela, dengue, zika e chikungunya.

Ryan afirmou que as mesmas comunidades mais suscetíveis ao coronavírus, pela dificuldade de distanciamento físico, são vulneráveis a essas doenças por falta de saneamento e acesso ao sistema de saúde.

A OMS reforçou que o controle dos mosquitos é compatível com as medidas de prevenção ao coronavírus, e que o sistema de saúde deve ser reforçado para que os profissionais possam identificar corretamente os sintomas de cada doença.