Roma, 10 (AE) - "Deus não nos pede nunca o que não podemos fazer, ao contrário, nos dá a força para fazer o que espera de nós", disse João Paulo II hoje (10) durante seu discurso aos embaixadores dos 170 países que têm relações diplomáticas com a Santa Sé.
A frase foi interpretada como uma resposta a quem, preocupado por seu frágil estado de saúde, sugere que renuncie.
Depois de ter provocado polêmicas e fortes reações no clero e nas autoridades políticas italianas por suas declarações a respeito de uma possível renúncia do papa, o presidente da conferência episcopal alemã e bispo de Magonza, monsenhor Karl Lehmann, afirmou que suas palavras foram mal interpretadas.
Lehmann disse que o jornalista da rádio de Berlim "Deutschlandfunk" para quem havia feito tais declarações, deu uma interpretação completamente errada de suas palavras. "Foi um equívoco", declarou à tevê italiana hoje afirmando que na entrevista havia dito, ao contrário, que durante o sínodo dos bispos da Europa - em outubro, quando encontrou o santo padre, o viu em boas condições.
"Eu disse apenas que se fosse necessário, e ninguém de fora pode prevê-lo, o papa poderia até renunciar, que a igreja oferece - na fé e no direito, essa possibilidade. Mas pode-se ao menos dizer, não?".
Equívoco ou não, diante das declarações e das enormes reações às palavras do bispo alemão, se reabre o debate sobre as condições de saúde de João Paulo II - cansado e com dificuldades de se locomover e de falar. E com ele as discussões sobre a sucessão e os rumos que tomará a igreja católica: centralismo ou colegialidade na administração da igreja católica, como propõe o episcopado alemão?