O papa Francisco acolheu nesta quarta-feira (20) o pedido de renúncia apresentado por dom Anuar Battisti ao governo pastoral da arquidiocese de Maringá (Noroeste), onde estava desde novembro de 2004. Dom Anuar Battisti escreveu uma carta explicando que seu pedido de renúncia foi por motivos de saúde. Com a renúncia, dom João Mamede Filho, atualmente bispo de Umuarama, foi nomeado como administrador apostólico da Arquidiocese de Maringá.

Dom Mamede assume o governo da Igreja particular de Maringá até que o papa nomeie novo Arcebispo para a cidade. Agora, o município é considerado Sé Vacante ou Sede Vacante (do latim Trono vazio). De acordo com o Direito Canônico da Igreja Católica Apostólica Romana, Sé Vacante corresponde ao período em que a Sé episcopal (Cátedra) da Igreja Particular está sem um bispo titular.

Imagem ilustrativa da imagem Papa aceita renúncia de arcebispo de Maringá por motivos de saúde
| Foto: Reprodução/Arquidiocese de Maringá

Esclarecimento

Segundo a carta escrita por Battisti, nos últimos meses seu corpo físico tem dado sinais de esgotamento. "A orientação médica é para diminuir o ritmo de vida, por isso pedi ao Santo Padre a renúncia ao governo da Arquidiocese, passando a ser Arcebispo Emérito. Deixo o lugar para outro com mais disposição, capaz de governar esta Igreja particular com o vigor necessário", explicou.

Além disso, o arcebispo contou que, em 2002, antes de chegar a Maringá, sofreu um derrame cerebral. "As sequelas foram quase imperceptíveis. Consegui me recuperar do processo cirúrgico, mas a recomendação médica era que eu deveria evitar sobrecarga de trabalho e estresse. O que não aconteceu, porque em 2004 fui nomeado Arcebispo nessa bela e querida Maringá", relatou.

Em 2018, Battisti foi submetido a uma angioplastia e também à retirada da vesícula. "Nas últimas semanas, comecei a ter vários apagões, momentos em que chego a perder a consciência em alguns compromissos, inclusive nas celebrações. Não foi fácil tomar essa decisão, mas é o melhor para mim e para a Igreja", pontuou.

Biografia

Nascido em Lajeado (RS), em 19 de fevereiro de 1953, dom Anuar Battisti ingressou no seminário em 1963, em Toledo (Oeste), onde cursou o ensino fundamental. Concluiu o ensino básico nos seminários de Cascavel (Oeste) e de Curitiba. Na PUC (Pontifícia Universidade Católica) da capital paranaense, cursou Filosofia. Estudou Teologia em Roma, no então Studium Theologicum, agora Universidade Lateranense, e na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo.

A ordenação sacerdotal de dom Anuar foi em 8 de dezembro de 1980, na diocese de Toledo. De 1986 a 1989, presidiu a Osib (Organização dos Seminários e Institutos do Brasil) e, de 1987 a 1990, a Oslam (Organização dos Seminários Latino-Americanos). O agora arcebispo emérito de Maringá participou, no ano de 1990, do Sínodo dos Bispos sobre a formação presbiteral. De 1991 a 1995, foi secretário executivo do Departamento de Vocações e Ministérios do Celam (Conselho Episcopal Latino Americano).

Em 1996, após a transferência do então bispo de Toledo, dom Lúcio Baumgartner, foi eleito pelo Colégio de Consultores administrador diocesano. Após mais de dois anos no cargo, foi nomeado bispo diocesano pelo Papa João Paulo II. A posse na diocese de Toledo foi em 20 de junho daquele ano.

Dom Anuar presidiu, na CNBB, entre 2003 e 2007, a Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada. Neste período, em setembro de 2004, foi nomeado arcebispo de Maringá. A posse foi em 24 de novembro de 2004.

Nos 15 anos em Maringá, o arcebispo crismou mais de cinquenta e duas mil pessoas. Durante esse período, sete paróquias foram criadas: paróquia Nossa Senhora do Rosário; paróquia Santo Expedito; paróquia Imaculada Conceição em Uniflor; paróquia Santa Paulina; paróquia Santa Teresa de Jesus, em Marialva; paróquia Santa Clara e paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, em Mandaguaçu.

Mais recentemente, dom Anuar colaborou na articulação da Pastoral do Turismo no Brasil. Em 2015, foi escolhido para integrar o Conselho Administrativo da Pastoral da Criança Internacional e eleito presidente Nacional do Conselho Diretor da Pastoral da Criança para um mandato de quatro anos. No mesmo ano, foi designado suplente de delegado da CNBB junto ao Celam, conselho que o elegeu presidente do Departamento de Vocações e Ministérios do conselho para a gestão 2015 a 2019.