A medicina londrinense sofreu uma perda, neste domingo (23), com a morte do médico ortopedista Plácido Arrabal, aos 85 anos. Formado pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), além de sua atuação clínica, integrou o corpo acadêmico da UEL (Universidade Estadual de Londrina) por mais de 30 anos e deixou um extenso legado na medicina, contribuindo na formação de milhares de médicos que hoje atuam em Londrina e em outras regiões do Paraná e do Brasil.

O médico ortopedista Plácido Arrabal
O médico ortopedista Plácido Arrabal | Foto: Daniel Procópio/Assessoria AML

Um dos filhos do ortopedista, Placido Arrabal Junior, destacou o extenso legado que o pai deixou na medicina, um trabalho sempre pautado pela ética e pelo amor à profissão. "O propósito da vinda do meu pai para este plano foi para tirar a dor das pessoas. O que conforta a minha família é que até os 84 anos de idade fez o que mais gostava na vida dele. É incrível aqui em Londrina como a gente se depara com casos e mais casos de alunos e, principalmente, de pacientes que têm uma história linda para contar, onde ele atuou tirando a dor e, muitas vezes, fazendo a pessoa andar."

O médico nasceu em Tabatinga (SP), em 1935, e veio para o Norte do Paraná com a família. Primeiro, instalou-se em São Martinho, distrito de Rolândia, e mais tarde mudou-se para Londrina, onde concluiu os estudos. Prestou vestibular para medicina na UFRJ, na época, a faculdade de medicina mais disputada do Brasil, e passou no primeiro concurso. Formou-se no início da década de 1960 e clinicou até fevereiro de 2020. Parou aos 84 anos de idade.

Entre a conquista do diploma e o encerramento das atividades como ortopedista, percorreu uma longa trajetória na ortopedia. Logo após a formatura, trabalhou com Nova Monteiro, o precursor da ortopedia no Brasil. Integrou a equipe de Lídio Toledo, médico da seleção brasileira de futebol em seis copas do mundo, e foi nessa época que tratou de grandes craques, como Mané Garrincha e Nilton Santos. Aos amigos, também contava sobre a ida ao Uruguai, onde foi chamado para operar o ex-presidente João Goulart, durante seu exílio no país vizinho.

Mas segundo o filho, Arrabal Junior, deixou uma carreira promissora no Rio de Janeiro porque acreditava que a missão dele era em Londrina e que seria mais útil no Norte paranaense. Além da ortopedia clínica, atuou no meio acadêmico por mais de 30 anos. Foi professor na faculdade de medicina da UEL e trabalhou no HU (Hospital Universitário). "A vida dele foi dedicada à medicina. Meu pai não bebia bebida alcoólica e eu só soube há pouco tempo que era porque a medicina não permitia que ele bebesse. Poderia ser chamado a qualquer momento."

“Era um amigo querido, uma figura extraordinária e que tem uma história muito bonita em Londrina. Trouxe um avanço extraordinário do ponto de vista da especialidade dele para Londrina e região. Contribuiu muito para o curso de medicina da UEL”, recordou o médico e deputado estadual Tercilio Turini.

Turini foi aluno de Arrabal na UEL e depois de formado, tornou-se colega do médico ortopedista na vida acadêmica, lecionando no curso de graduação da UEL e atuando no corpo clínico do HU. “Ele foi professor durante mais de 30 anos na UEL. Era um dos pioneiros do curso de medicina. Se aposentou quando completou 70 anos de idade.”

“Ele passou a vida toda na faculdade. Era muito boa pessoa, muito dedicado”, comentou o médico ortopedista Nereu Genta. Eles se conheceram na universidade. Na década de 1970, os dois concorreram à cadeira de ortopedia e traumatologia da faculdade de medicina da UEL. “Trocávamos muitas ideias, éramos colegas.”

Em 2011, o médico ortopedista foi agraciado com o título de Cidadão Honorário de Londrina por meio de um projeto de lei proposto pelo então vereador Marcelo Belinati, que também foi aluno de Arrabal na faculdade de medicina.

Em live nas redes sociais sobre a pandemia do novo coronavírus, o prefeito de Londrina prestou as homenagens ao ortopedista. "Perdemos o Dr. Plácido Arrabal, médico ortopedista, um dos primeiros de Londrina. Foi meu professor, meu amigo querido, uma pessoa totalmente do bem. Só fez o bem às pessoas. Quero deixar nossa homenagem a ele e meus sentimentos à família também."

Arrabal faleceu na manhã deste domingo e o sepultamento aconteceu às 16 horas, no Cemitério São Pedro. Deixou a esposa, Luzia Pereira de Oliveira, os filhos Carmen Silvia Marchese Arrabal Mizuno, Placido Arrabal Junior, Mário Marchese Arrabal e Odilia Maria Marchese Arrabal, além de sete netos e um bisneto.