Orsa pode assumir Complexo Jari este mês
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2000
Por Maria Fernanda Delmas
Rio, 10 (AE) - O deficitário Complexo Jari ainda não passou às mãos do Grupo Orsa, depois da promessa de que em janeiro o acordo seria fechado. O prazo para a assinatura definitiva da venda foi prorrogado para o final de fevereiro porque os bancos credores ainda não despacharam toda a papelada necessária para dar aval ao acordo.
O gerente do Bozano,Simonsen (um dos credores) José Cláudio Sardinha explicou que o prazo anteriormente fixado era prematuro e agora está mais adequado à complexidade da operação. O Orsa condicionou a compra do Jari à anuência de pelo menos 70% dos 18 credores, e é isto o que deve acontecer até o final do mês.
Seguindo o acerto celebrado em dezembro entre os irmãos Guilherme e Mário Frering, controladores do Jari e da mineradora Caemi, e o Orsa, já foi depositada, no dia 15 de janeiro, a primeira parcela mensal de US$ 1 milhão para abater a dívida junto aos credores, em uma conta administrada pela Oliveira Trust. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi o único a sacar sua parte, equivalente a cerca de US$ 263 mil, enquanto os outros bancos aguardam a efetivação do negócio.
Para ficar com o complexo de celulose no coração da Amazônia, o Orsa propôs pagar as dívidas em 11 anos, com a geração de caixa do próprio Jari. Em 1997, a dívida total do complexo foi calculada em US$ 350 milhões. O BNDES atualizou os valores a que tem direito e chegou a US$ 70 milhões, mais uma participação acionária equivalente a US$ 20 milhões no projeto. Além disso, a BNDESPar, empresa de participações do banco, tem 14,54% das ações preferenciais e 0,6% das ordinárias, totalizando 8,96% do capital do Jari.
O BNDES vinha tentando encontrar um comprador para o Jari havia alguns anos, depois que se tornou um poço de dívidas o sonho do milionário norte-americano Daniel Ludwig, fundador do complexo. Ludwig comprou uma área de 1,6 milhão de hectares na Amazônia e o governo militar chegou a considerar o Jari um caso de segurança nacional nos anos 70.
Depois do acerto entre os Frering e o Orsa, o grupo canandense Tembec tentou desfazê-lo, ao apresentar a proposta de pagar US$ 150 milhões a vista. Mas o protocolo de intenções já estava assinado e a solução foi bem recebida pelos credores.