Com a formação de uma grande massa de ar quente e seco sobre estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, a expectativa é que as temperaturas máximas atinjam ao longo desta semana níveis raramente registrados, ultrapassando a marca dos 40 ºC. Em Londrina, não será diferente. Para aplacar um pouco o calor, além de beber muita água, é importante evitar a exposição ao sol e, se possível, umidificar o ar.

Setembro já registra uma média 3,7 ºC acima da média histórica para o mês
Setembro já registra uma média 3,7 ºC acima da média histórica para o mês | Foto: Roberto Custódio

Segundo a agrometeorologista do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) Heverly Morais, caso as previsões para a semana sejam concretizadas, a cidade deverá ter um novo recorde de temperatura máxima. “É um bloqueio atmosférico, uma bolha realmente, uma massa de ar muito quente e seca que está pegando São Paulo, Mato Grosso, Goiás e que impede que as instabilidades cheguem”, menciona. Conforme Morais, Londrina registrou 39,2 °C em novembro de 1985, temperatura mais alta desde o início da medição em 1976.

Mesmo as chuvas isoladas registradas ao longo da tarde de domingo (27) não garantiram um clima mais agradável, superando os 36,1 °C registrados em 12 de setembro, o mais quente de 2020 na cidade. “Para ela ir embora é preciso haver uma massa de ar mais forte, úmida. Estamos esperando. É difícil prever a longo prazo. Hoje vi previsões de que será a partir do dia 10 de outubro, apenas. Isso pode mudar, é uma tendência a longo prazo, pois já aconteceu de mudar. A atmosfera é dinâmica”, explica.

No caso de Londrina, afirma Morais, setembro deste ano já registra uma média 3,7 °C acima da média histórica para o mês. Uma nova realidade que inclui índices de umidade do ar alarmantes, especialmente de quem já tem comorbidades.

“Neste mês só choveu 12 milímetros e a média é 115. Ontem (domingo) teve algumas chuvas, mas elas foram bem localizadas, pontuais. Deu uma melhorada na umidade do ar, mas chegou a 36% e o ideal é 60%. No sábado (26) foi 17%, abaixo do crítico, pois estado de alerta é 20%.”

Enquanto pessoas de todas as idades podem sofrer com dor de cabeça, mal-estar, queda de pressão e tontura, os idosos, especialmente os que têm histórico de problemas renais e hipertensão, são um “grupo de risco” para o “calorão”. O primeiro ponto a ser levado em conta é que a população idosa tem menos água no corpo e tem o funcionamento do sistema regulatório para a fome e a sede, prejudicado, aponta o geriatra Gabriel Utzumi.

“O idoso tende a sentir menos sede, demora mais. Pode entrar a questão da cefaleia, dor abdominal, tontura a até quadros mais graves como confusão mental”, alerta. No caso de idoso que faz uso da medicação contra a hipertensão, outro alerta. Os medicamentos têm efeito diurético, o que colabora para “acelerar” a desidratação. Neste sentido, o geriatra ressalta que o consumo de água deve ser encarado com a mesma seriedade que o dos próprios medicamentos.

Outro alerta é para quem tem doença renal crônica e pode ter o funcionamento dos rins prejudicado com ainda mais facilidade por causa da desidratação. Já tonturas e quedas, tão comuns em idosos, também podem ocorrer com um pouco mais frequência após mudanças bruscas de posição, um diagnóstico conhecido como hipotensão postural. "Existe um mecanismo regulatório que ajuda a equilibrar a alteração de pressão. No idoso isso também está mais prejudicado e a hidratação ajuda a combater esta oscilação", explica.