A ocupação da Fazenda Tamarana, na cidade de mesmo nome a 50 quilômetros de Londrina, por cerca de 300 indígenas, já dura mais de quatro meses. Em 28 de setembro do ano passado, o grupo está na área e reivindica parte da propriedade, que seria demarcada desde 1955.

O proprietário Eucler de Alcântara Ferreira afirma que a titularidade da fazenda já passa de meio século. Ele entrou com pedido de reintegração de posse, que ainda não teve parecer da Justiça.

Os indígenas permanecem com barracas montadas ao redor das casas dos funcionários da fazenda. Além da ocupação, aponta, o grupo tem usado energia de forma indevida.

Apesar de terem desocupado parte dos barracões onde os equipamentos ficam guardados, o trabalho na fazenda ficou prejudicado, segundo o proprietário. Ele conta que não pôde plantar em uma área de quase seis alqueires porque diversas barracas estavam montadas no trecho.

Ferreira estima que a produção de soja deve cair pela metade por causa do atraso no plantio, feito em 16 de dezembro. “É um prejuízo enorme que não tem nem como recuperar”, pontua.

Sobre a documentação da fazenda, ele afirma que a titulação das escrituras tem mais de 50 anos. “Se nós temos uma escritura, como é que eles querem entrar dentro da nossa propriedade? Eles ficam alegando que a terra é deles, mas como que é deles se nós temos escritura?”, questiona.

A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) fez um mapeamento da área, mas nenhum laudo foi apresentado até o momento. “A pior situação de tudo isso é a ocupação em volta das casas dos meus funcionários. A pressão psicológica é muito grande”, explica.

Ivan Bribis Rodrigues, militante do movimento indígena e morador da terra indígena do Apucaraninha, em Tamarana, explica que um documento de 1955 comprovaria que uma área de 400 hectares onde onde fica a Fazenda Tamarana pertence aos indígenas. Na ocupação da Fazenda Tamarana estão instaladas 40 famílias.

Rodrigues afirma que não é possível culpar os atuais proprietários, já que eles compraram a terra de outras pessoas. “É uma responsabilidade do governo. O povo indígena e os ditos proprietários são vítimas também, então a gente tem que buscar onde está a falha e como é que foi feito isso”, ressalta.

A reportagem não conseguiu contato com a Funai até o fechamento da matéria.