Número de pessoas que moram sozinhas aumenta no Brasil, diz Censo
Pesquisa indica que aproximadamente um em cada cinco domicílios tinha somente um habitante em 2022
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sexta-feira, 25 de outubro de 2024
Pesquisa indica que aproximadamente um em cada cinco domicílios tinha somente um habitante em 2022
Leonardo Vieceli, Lucas Lacerda e Bruno Lucca - Folhapress
Rio de Janeiro e São Paulo - Morar sozinho está em alta no Brasil, indicam novos dados do Censo Demográfico divulgados nesta sexta (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 2022, a proporção de unidades domésticas (domicílios particulares) com apenas um morador aumentou para 18,9% no país - o equivalente a 13,7 milhões de um total de 72,5 milhões de endereços.
Lido de outra forma, o percentual indica que aproximadamente um em cada cinco domicílios tinha somente um habitante. No Censo anterior, relativo a 2010, a proporção de lares com apenas um morador era menor, de 12,2%.
Conforme o IBGE, pelo menos dois fatores podem explicar o ganho de participação ao longo do período. O primeiro aspecto é o envelhecimento da população, e o segundo está associado a mudanças geracionais. Não casar ou postergar o matrimônio e não ter filhos fazem parte dessa lista.
"Tem influência dos idosos e também existe um perfil de formação das famílias que acaba mudando ao longo do tempo", disse Márcio Minamiguchi, gerente de projeções e estimativas populacionais do IBGE.
Para se ter uma ideia, a população que vivia sozinha no país em 2022 (13,7 milhões) superava o total de habitantes da cidade de São Paulo (11,5 milhões). Também era similar ao número de moradores do estado da Bahia (14,1 milhões).
Pelos critérios do Censo, uma unidade doméstica é composta por uma pessoa que vive sozinha ou por um conjunto de habitantes ligados por relações de parentesco, dependência ou normas de convivência em um domicílio particular. Domicílios coletivos, como presídios, hospitais, orfanatos e asilos, não entram nessa categoria.
As unidades domésticas com apenas um morador são chamadas na pesquisa de unipessoais. Em 2022, elas respondiam por 28,7% dos lares cujos responsáveis tinham 60 anos ou mais.
É a maior participação das unidades unipessoais entre os cinco grupos de idade detalhados pelo IBGE. Em outras palavras, quase 29% dos lares comandados por idosos tinham pessoas morando sozinhas em 2022.
Por outro lado, o menor percentual de unidades unipessoais foi registrado entre os endereços onde os responsáveis eram jovens de até 17 anos (7,6%).
Os resultados dialogam com o recorte estadual apresentado pelo instituto. Em 2022, as maiores proporções de lares com apenas um morador foram registradas no Rio de Janeiro (23,4%) e no Rio Grande do Sul (22,3%). A dupla, diz o IBGE, se destaca por ter populações mais envelhecidas.
Já os menores percentuais de lares com somente um morador foram verificados no Amapá (12%) e no Amazonas (13%), que estão entre os estados mais jovens do país, aponta o instituto. Em São Paulo, o indicador foi de 19,2%.
Ainda de acordo com o Censo, entre os lares comandados por mulheres no Brasil, a proporção de unidades unipessoais foi de 19,1% em 2022. Trata-se de um patamar um pouco acima do registrado entre os endereços com homens como responsáveis (18,8%).
O IBGE ressaltou que os lares com apenas um morador foram os únicos que ganharam participação na passagem de 2010 (12,2%) para 2022 (18,9%).
A maior parcela, porém, ainda é do modelo chamado nuclear: 64,1% do total em 2022. Essa categoria envolve os domicílios onde há presença de um casal com ou sem filhos ou de apenas uma pessoa com filhos, sem a presença de outros membros.
As unidades estendidas responderam por 15,4% do total em 2022. São aquelas onde há outro parente, como neto, avô, avó, genro ou nora.
As unidades compostas (1,5%) fecham a lista. Nelas, existe a presença de alguém que não é parente, como agregado, convivente ou pensionista.
NÚMERO MÉDIO
Outro indicador que sinaliza mudanças na organização dos lares brasileiros é o número médio de moradores, calculado em 2,8 pessoas em 2022. Trata-se de um patamar inferior aos vistos nos recenseamentos anteriores. O indicador era de 3,3 pessoas em 2010 e de 3,7 em 2000.
"O número médio de moradores foi de 2,8 pessoas, mais um reflexo do processo da queda da fecundidade que vem ocorrendo sistematicamente no país nas últimas décadas e do envelhecimento populacional", afirma o IBGE.