O Paraná chegou ao fim de mais um período epidemiológico de monitoramento da dengue nesta terça-feira (14). O balanço apresentado pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) aponta que 177 pessoas morreram em decorrência da doença nos últimos 12 meses, 29 delas em Londrina. No período anterior, entre 2018 e 2019, foram 22 mortes.

Em Londrina, foram registradas 29 das 177 mortes por dengue do Paraná
Em Londrina, foram registradas 29 das 177 mortes por dengue do Paraná | Foto: Luis Robayo/AFP

Com a pandemia do novo coronavírus, a expectativa das autoridades de saúde ouvidas pela reportagem é de que o combate à dengue dependa ainda mais da colaboração dos moradores, uma vez que a remoção de criadouros do mosquito Aedes aegypti está limitada à parte externa das residências, onde estão 90% dos focos.

Embora o total de óbitos seja praticamente 700% maior se comparado com o período epidemiológico anterior, a avaliação da coordenadora do Centro de Vigilância Ambiental de Sesa, Ivana Belmonte, é de que o número de mortes é “elevado”, porém, corresponde ao tamanho da epidemia que impactou o Paraná. “A epidemia foi grande por conta da circulação do Den-2, que no período epidemiológico anterior impactou os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Devido à proximidade, introduziu-se no Paraná, que vinha com predominância do Den-1 há dez anos, e esta mudança de sorotipo causou um maior impacto”, explicou.

Se levados em consideração apenas os números absolutos da epidemia, Londrina aparece em segundo lugar no ranking de grandes cidades do estado em número de casos de dengue, atrás apenas de Foz do Iguaçu. Os dois municípios acumularam 16,6 mil e 19,2 mil casos nos últimos 12 meses, respectivamente, segundo a Sesa. Em seguida, Maringá aparece com mais de 11 mil casos. Segundo a Sesa, 244 cidades encontram-se em epidemia de dengue e 31 em alerta ao final do período epidemiológico.

Questionada se os números apresentados no balanço não seriam indicativos de que chegou a hora de o governo do Paraná adotar medidas mais "duras” de combate à dengue, a coordenadora ressaltou que a avaliação deve ser feita por cada município no sentido de notificar e até multar proprietários de imóveis que acumulam criadouros.

Para a diretora de Vigilância em Saúde de Londrina, Sônia Fernandes, o enfrentamento ao mosquito da dengue fica prejudicado por conta das restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus. De acordo com ela, os mutirões continuam sendo realizados e os agentes de endemias seguem trabalhando, porém não podem entrar nas casas. "Estamos dependendo muito mais do morador do que antes", lamentou. A diretora lembrou que apenas dez moradores chegaram a ser multados em Londrina.

No caso de idosos que estejam sozinhos em suas casas, a orientação é para que os agentes não realizem a remoção nem mesmo nos quintais. "Infelizmente, teremos novamente no próximo verão um número elevado de casos", estimou.

No município, o balanço de casos desde o início de janeiro até o dia 2 de julho, divulgado pela Prefeitura de Londrina, aponta que mais de 19,8 mil pessoas contraíram a dengue. Enquanto 22 mil notificações permaneciam sob suspeita até esta data, 29 mortes já haviam sido confirmadas, oito foram descartadas e três ainda estavam sendo investigadas.

Outra medida afetada pela pandemia veio do Ministério da Saúde, que publicou uma portaria em que determina a suspensão da coleta de dados para a elaboração do Liraa (Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti), cuja próxima edição seria realizada neste mês.