Do dia 11 de março deste ano, quando foi registrado o primeiro caso confirmado de Covid-19 no Paraná, até o dia 1º de julho foram registradas 650 mortes pelo novo coronavírus. Neste mês, em 23 dias, foram 656 mortes - somente em novembro foram registrados mais óbitos do que no período de três meses e 17 dias do início da pandemia. Já no boletim epidemiológico divulgado na segunda-feira (23), o Paraná apresentou o total acumulado de 5.827 óbitos. Isso é mais do que o número de habitantes de um terço dos municípios do Estado.

Neste mês, em 23 dias, foram registradas 656 mortes.
Neste mês, em 23 dias, foram registradas 656 mortes. | Foto: Jaelson Lucas/AEN

“Naquele início de pandemia a gente estava ainda com a curva bastante achatada”, afirmou Maria Goretti David Lopes, diretora de Vigilância e Atenção em Saúde da Sesa (Secretaria de Estado de Saúde), se referindo aos números do início da pandemia. Quatro meses e 22 dias depois da marca de 650 óbitos, o número de mortes cresceu 796,46%. O número de novos casos da pior semana epidemiológica da pandemia foi de 14,2 mil casos em meados de agosto. De 15 a 21 de novembro foram registrados 13,6 mil casos novos e, se a tendência de crescimento se mantiver, logo esse patamar será atingido novamente. A média móvel dos últimos sete dias por data de diagnóstico foi de 1.768 casos, ou seja um aumento de 63,7% em relação a 14 dias atrás.

Lopes afirma que muitas festas têm sido realizadas “a torto e a direito” no Estado. “Temos vistos bares cheios, a realização de festas e reuniões familiares. Temos pedido paciência, caso contrário vamos perder a batalha. Temos que inovar a forma de nos confraternizarmos e encontrar uma outra maneira de nos reunirmos”, destacou. Sobre a proximidade do período festivo, ela admite que não dá para dizer não para festas de Natal e Ano Novo, mas neste ano é preciso fazer de um jeito diferente. “Podemos manter a comunicação a distância e usar equipamentos disponíveis para mandar abraços. Ou então fazer com pequenos grupos, ainda assim com medidas de etiqueta respiratória.”

Sobre a lotação dos leitos hospitalares, Lopes ressaltou que a maior dificuldade sempre foi na Macrorregião Leste, que abrange Curitiba e região metropolitana. “Tínhamos um plano de desativação de leitos no COE (Centro de Operações de Emergência), mas vamos ativar mais leitos e em outras localidades, porque chegamos até aqui sem ninguém ficar sem leitos. O esforço é gigantesco e o custo é alto, mas precisa ser feito. Provavelmente adotaremos outras medidas, como a suspensão das cirurgias eletivas”, destacou.

Confrontada com a informação de que a prefeitura de Curitiba pretende realizar uma festa natalina no Jardim Botânico para 3 mil pessoas, mesmo com essa lotação dos hospitais, ela diz que a Sesa e o governo estadual determinam uma série de medidas e decretos para garantir a saúde da população, inclusive a pedido dos prefeitos, mas que para realizar eventos assim ninguém consulta a Sesa.

“O que estamos fazendo à exaustão é repetir as medidas de prevenção, como o distanciamento social, a necessidade de higiene, com a lavagem das mãos e a necessidade de uso de máscaras. Vamos continuar reforçando isso. Temos trabalhado na detecção precoce dos surtos e estamos realizando o segundo ciclo de testagem de moradores de instituições de longa permanência”, ressaltou.

Acerca da declaração do presidente Jair Bolsonaro de que os testes de RT PCR que estão armazenados porque estados e Municípios não estariam fazendo a solicitação, ela afirma que essa situação não atinge o Paraná. “O Paraná foi o Estado que mais testou até agora. Eu ouvi na TV que o Ministério da Saúde realizou 5 milhões de testes e nós realizamos 1 milhão até agora e vamos continuar fazendo. Tudo o que pleiteamos sempre fomos atendidos. Essa parceria estratégica com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz], que integra estrutura do Ministério da Saúde, que resultou nessa capacidade enorme de diagnóstico”, declarou.

Sobre a possibilidade de disponibilizar a vacina no Estado, ela diz que o mais provável é que ela só esteja disponível no fim do ano que vem. “O Paraná acompanha o desenvolvimento das vacinas no mundo e já estamos preparando a logística para essa distribuição. Mas como algumas delas exigem temperaturas baixíssimas, a que tem mais possibilidade de se viabilizar é a da AstraZeneca/Oxford, que vem com indicativo de temperaturas condizentes com as atuais vacinas do calendário vacinal. É difícil para o Brasil viabilizar geladeiras e freezers com temperaturas baixíssimas”, destacou.

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