Delegacia deverá divulgar ao longo deste mês imagens de foragidos da Justiça
Delegacia deverá divulgar ao longo deste mês imagens de foragidos da Justiça | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Quatro homens foram presos em Londrina pela Polícia Civil, nesta segunda-feira (13), numa operação contra autores de crimes sexuais contra menores de idade. Três tinham condenações na Justiça e um deles foi detido preventivamente. A ação, coordenada pelo Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes), foi denominada 13 de julho, em alusão à data que marca os 30 anos do ECA (Estatuto da Criança e Adolescente).

Somadas, as penas dos condenados ultrapassam 36 anos de reclusão. Um homem de 38 foi condenado por estupro de vulnerável; outro, de 56 anos, por atentado violento ao pudor contra vulnerável; e o terceiro, de 41 anos, foi considerado culpado ao final do processo pelos crimes de estupro de vulnerável e produção de materiais pornográficos envolvendo crianças e adolescentes.

'VIDA NORMAL'

A polícia conseguiu chegar até o preso de 56 anos com a ajuda de cruzamento de dados, já que ele havia solicitado o auxílio emergencial do governo federal. “Isso indica que a pessoa está levando uma vida de certa forma normal e facilita para que tenhamos elementos para fazer novas buscas”, destacou a delegada Lívia Pini, responsável pelo Nucria. “Quisemos marcar o aniversário de 30 anos do ECA fazendo esta operação. São mandados que estavam abertos ou pendentes de cumprimento”, explicou.

O preso preventivamente é um idoso de 81 anos, denunciado por estupro contra uma adolescente na cidade. “Infelizmente é bastante comum indivíduos de mais idade autores de crimes de natureza sexual contra crianças e adolescentes”, apontou. Os policiais que participaram da operação ainda tentaram prender um homem em Cambé (Região Metropolitana de Cambé) e um outro, que seria pastor, em Londrina, entretanto, eles não foram localizados.

DENÚNCIAS

No final da semana passada, o Nucria cumpriu mandados de busca e apreensão de investigações que estão em andamento. O objetivo é dar prosseguimento durante todo este mês. “Nosso plano é que façamos a divulgação desses indivíduos que estão foragidos da Justiça nas redes sociais da delegacia. Vamos disponibilizar fotos e dados para que a população, tendo a informação sobre o paradeiro desses indivíduos, auxilie na captura deles.”

Um dos canais de denúncia, além do Instagram da delegacia, é o WhatsApp. A delegada garante o sigilo das informações prestadas. Cerca de 20 pessoas estão com mandados em aberto em Londrina e sendo procuradas ao longo dos últimos meses. Todas com relação a crimes sexuais envolvendo vulneráveis.

“Às vezes não divulgamos na imprensa por receio de a pessoa ver que estamos atrás dela e acabar se evadindo. Mas existem pessoas que a gente não consegue obter informações, que muito provavelmente elas têm conhecimento da existência dos mandados. Então, dependemos muito da denúncia das pessoas”, elencou.

De acordo com Lívia Pini, as prisões só podem acontecer se tiver flagrante ou condenação. Outro caminho é a partir de fatos concretos de que o suspeito está atrapalhando as investigações. “Para ter prisão no processo ou no curso da investigação precisa ter fundamento. Essa pessoa precisa estar ameaçando uma testemunha, vítima, ou apresentar um risco para a vítima de forma imediata. Também indícios que planeja fugir. Por isso, muitas vezes, a condenação só vem muito tempo depois”, detalhou.

CASOS

Atualmente, o Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes) de Londrina tem mais de 1.600 procedimentos em aberto. Somente no primeiro trimestre deste ano foram 246 novos casos. A delegada Lívia Pini afirmou que é de extrema importância a conversa entre o adulto e o menor de idade para identificar possíveis abusos que podem estar acontecendo.

“É essencial ter um canal de diálogo com as crianças e adolescentes dos pais ou qualquer adulto que seja responsável por menores de idade, porque é por meio desta relação de confiança que os menores acabam relatando a violência que elas vivenciaram”, advertiu a delegada. Entre os principais sinais de situações de violência está a mudança de comportamento.

Imagem ilustrativa da imagem Nucria prende quatro em operação contra crimes sexuais em Londrina
| Foto: Folha Arte

ECA

Com o Estatuto da Criança e do Adolescente completando três décadas, Pini refletiu que a lei trouxe proteção para crianças e adolescentes, inclusive, vítimas de violência. Antes do ECA, a Constituição Brasileira não estabelecia direitos específicos para este público. “Agora, as vítimas não mais tratadas como um objeto de investigação e sim sujeitos de direito. Elas têm voz durante todo o procedimento e são ouvidas de forma mais humanizada.”

SERVIÇO – O Instagram para mais informações e denúncias é o @LondrinaNucria e o fone (43) 3325-6593, que também é WhatsApp