O Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes) tem prazo até a próxima quarta-feira (18) para concluir o inquérito envolvendo um casal que agrediu o filho de 8 anos. Os pais foi presos em flagrante na noite de domingo (8) após levar o menino para atendimento médico no Hospital Evangélico de Londrina. Desde então, a criança permanece na UTI com diversas lesões pelo corpo.

A delegada do Nucria, Lívia Pini, afirma que boa parte das diligências já foi concluída. Porém, ainda aguarda laudos da perícia para finalizar as investigações. Entre as solicitações feitas estão perícias relacionadas à lesão corporal e possível ato libidinoso.

Imagem ilustrativa da imagem Nucria aguarda perícias para concluir inquérito sobre agressão contra criança
| Foto: Viviani Costa/Grupo Folha

“Estamos aguardando a confecção dos laudos. Foi feita essa solicitação ainda durante o plantão em razão de algumas lesões próximas à região genital, com aparência de ser de mordida. [...] O laudo normalmente traz a descrição das lesões. Temos imagens da criança ainda no hospital e, a partir dessas imagens, é possível verificar que ele tinha bastante cicatriz, já com sinal de ser mais antiga. Mas é muito difícil identificar quando isso aconteceu e se foi algo anterior a adoção ou posterior a adoção”, explica a delegada. Aparelhos de telefone celular também serão analisados.

Os pais permanecem presos e, conforme Pini, não serão ouvidos novamente. A delegada pretende ouvir a criança e aguarda autorização da equipe médica. O menino segue internado na UTI, mas já apresentou melhora no quadro de saúde.

“Durante a lavratura do flagrante, o casal trouxe a versão de que a agressão teria sido motivada em razão de indisciplina. A criança teria mordido a mãe e, para disciplinar a criança, eles mesmos afirmaram que se excederam na agressão. A oitiva da criança é importante para verificar se essa realmente foi a motivação do fato ou se foi uma agressão gratuita que, nesse caso, efetivamente vai reforçar a tese de tentativa de homicídio. Se foi em razão dessa indisciplina poderia caracterizar um crime de tortura ou um crime diverso”, destaca a delegada do Nucria.

O casal, que residia em Goiás, adotou a criança em Corumbá (MS). A família chegou a morar em Cascavel (PR) antes de se mudar para Londrina. A guarda provisória foi deferida pela Justiça há dois meses. A delegada apura se possíveis agressões anteriores teriam motivado as mudanças de endereço. Ela também aguarda a documentação sobre o processo de adoção e detalhes sobre a saúde da criança. Além das agressões confessadas pelos pais, a existência de outras lesões teriam sido justificadas pelo fato do menino ter crises convulsivas como sintoma da epilepsia.

O advogado Mário Cesar Carvalho Pinto, que representa o casal, informou que a Justiça decretou a prisão preventiva dos dois. “Vamos entrar com pedido de revogação da prisão no início da próxima semana. O fundamento é o fato de que eles são réus primários, confessos e não vão se furtar em responder pelo que fizeram. Ambos estão muito abalados, arrependidos e preocupados com a criança.”

Segundo ele, o processo de adoção se estendeu por quatro meses. “O processo todo foi correto. Eles fizeram a semana de adaptação com a criança. O menino estava com eles há um mês e meio. Era um desejo deles adotar”, afirmou.

Matéria atualizada às 14h50.