A inauguração do novo campus do IFPR (Instituto Federal do Paraná) em Londrina, no dia 1º de julho, põe fim às condições inadequadas de trabalho e estudo em um imóvel alugado e aumenta a expectativa de expansão, já que o no espaço devem ser instalados mais cinco cursos.

A técnica de laboratório na área de biologia Daniele Albuquerque ressalta que no outro campus, localizado na área central e que funciona em um espaço alugado, a estrutura era precária. "A bancada não tinha a altura perfeita e tínhamos que improvisar várias coisas. Lá só havia dois laboratórios. Aqui, com essa estrutura bem maior, conseguimos distribuir melhor e cada área específica conseguiu o seu próprio laboratório.”

Quando recebeu a reportagem, Albuquerque estava no laboratório de Química e Bioquímica, cuja arrumação deve estar pronta para receber os alunos no dia 1º de agosto. “Além desse, temos um só para Alimentos, outro para Biotecnologia, entre outros. Antes tínhamos que tirar os microscópios que não seriam utilizados naquela aula e colocar outros materiais. Agora cada laboratório pode manter a sua estrutura de uma aula para outra”, acrescentou, observa que os laboratórios espaçosos têm agora estrutura adequada para desenvolvimento de aulas práticas e também para pesquisa.

Técnica de laboratório na área de biologia, Daniele Albuquerque
Técnica de laboratório na área de biologia, Daniele Albuquerque | Foto: Vítor Ogawa - Grupo Folha

GINÁSIO DE ESPORTES

O campus, localizado na avenida da Liberdade, no Conjunto Ruy Virmond Carnascialli, tem mais de 6 mil metros quadrados de área construída, com 25 salas (das quais 12 para aulas e dez laboratórios), além de biblioteca e setor administrativo. O terreno foi doado pela Prefeitura de Londrina ao IFPR, em 2017, e tem área total de 57 mil metros quadrados.

“Depois de cinco anos, conseguimos finalizar essa obra e agora a gente vai expandir. A próxima etapa é a construção do refeitório, que já está no planejamento para tentar iniciar a obra ainda este ano. Outra demanda é a construção do ginásio de esportes", detalha do diretor geral do IFPR Londrina, Marcelo Lupion Poleti.

"São duas demandas que precisamos colocar em prática antes de avançar mais. Já vamos começar também a trabalhar num projeto que contempla os cursos que estão na unidade Dom Bosco, da área da saúde, e de outros cursos”, acrescenta o diretor geral.

Segundo ele, não havia perspectiva de ampliação de oferta de cursos por falta de estrutura. "O campus da zona norte pode abrigar aproximadamente mil estudantes e ofertará seis cursos à comunidade", conta. Segundo ele, na unidade Dom Bosco ficarão aproximadamente 200 alunos e para o campus Londrina da zona norte haverá 700 alunos.

No campus Dom Bosco permanecem alguns dos cursos da área de saúde. Já para o novo campus irão migrar os cursos técnicos em Biotecnologia, Informática (ambos integrados ao ensino médio), em Enfermagem, Licenciatura em Ciências Biológicas, Tecnologia em Análise de Desenvolvimento de Sistemas e Língua Inglesa.

Os cursos que podem ser implantados no IFPR na zona norte de Londrina em breve são Formação Inicial e Continuada para Educação de Jovens e Adultos; Práticas Interdisciplinares para o Ensino de Ciências e Pós-Graduação Lato Sensu em Saúde Coletiva.

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DOIS ANOS LETIVOS

Atividades na nova unidade começam em agosto

O diretor geral do IFPR Londrina, Marcelo Lupion Poleti, explica que a instituição tem trabalhado com dois anos letivos. Os alunos da área da saúde permanecem em aula na unidade Dom Bosco, sendo que eles vão ter 15 dias de férias na segunda quinzena de julho. “No dia 1º de agosto, será o início das atividades de todos os cursos que vão migrar para o campus novo.”

Ele ressalta que o retorno do ensino presencial complicou o retorno, visto que as obras sofreram atraso. “Nós tínhamos uma estrutura que estava alocada na unidade Alagoas, que era no antigo Ipolon. Como a obra estava para finalizar em 2020, finalizamos o contrato. No entanto a empresa foi reduzindo o ritmo das obras até que parou. Tivemos que licitar novamente, ao mesmo tempo em que a retomada das aulas presenciais gerou a necessidade de reorganizar todo mundo na unidade Dom Bosco para dar conta da demanda", detalha.

"Com o retorno das atividades presenciais a gente teve que fazer uma parada, deslocar tudo o que tinha que vir para cá (campus da zona norte) no fim de abril e começo de maio. Isso nos possibilitou iniciar o ano, porque nós estamos atrasados em relação ao calendário acadêmico de 2022, que começamos no dia 26 de maio."

RECURSOS

O governo federal aplicou cerca de R$ 10 milhões na construção do novo campus, R$ 8,5 milhões por meio de emenda parlamentar do então deputado federal Alex Canziani. A deputada federal Luísa Canziani também destinou R$ 6,3 milhões, por meio de emendas parlamentares, para a implantação de diversas estruturas e para equipar o local.

Para Luísa, a inauguração do IFPR é um marco para a história da cidade e da região. “Sobretudo vai representar transformação de muitos jovens e de muitos cidadãos. Quando a gente fala de IFPR a gente fala de uma modalidade da educação que é fundamental para os dias atuais, que chama ensino profissional e tecnológico, que é para mim, a grande pauta da educação brasileira.”

Ela reforça que a média de matrículas na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para o ensino profissional e tecnológico corresponde a 40%. “Na Alemanha o número chega a 46% . No Brasil não temos nem 10% das matrículas no EPT (educação profissional e tecnológica). Então é uma demanda urgente, crescente e, mais do que isso, é uma demanda que vai conseguir dar oportunidades para muitos jovens ao terem uma formação de qualidade através do Instituto Federal para poderem então alcançar os postos de trabalho que tanto sonham e almejam.”

Marcelo Lupion Poleti, diretor geral do IFPR Londrina: 
“Depois de cinco anos, conseguimos finalizar essa obra e agora a gente vai expandir"
Marcelo Lupion Poleti, diretor geral do IFPR Londrina: “Depois de cinco anos, conseguimos finalizar essa obra e agora a gente vai expandir" | Foto: Vítor Ogawa - Grupo Folha

IFPR LUTA PARA MUDAR TIPOLOGIA

O IFPR tem lutado para mudar a sua tipologia, que atualmente é classificada como 70/45, ou seja, permite a contratação máxima de 70 docentes e 45 técnicos, segundo o diretor geral do IFPR Londrina, Marcelo Lupion Poleti.

“Hoje temos 68 docentes, estamos perto do limite de contratação segundo o PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional) elaborado em 2018, que entrou em vigor em 2019 e tem vigência até 2023. Ou seja, até o ano que vem vamos começar o próximo PDI, referente aos anos de 2024 a 2027. Nesse movimento de discutir as demandas é onde a gente vai entender ouvindo a comunidade o que pode ofertar", detalha o diretor geral.

Ele explica que quer ter a mesma tipologia que o IFPR de Curitiba, que é de 250/150 - permite a contratação de 250 docentes e de 150 técnicos. Outras tipologias existentes são a de 90/60 (90 docentes e 60 técnicos) e 150/100 (150 docentes e 100 técnicos).

“Estamos avançando que planejamos no PDI de 2018. Como não tínhamos estrutura, focamos em alguns cursos como a especialização em Saúde Coletiva, que foi aprovada e agora vai começar. Temos uma residência na área de Odontologia para reabilitar pacientes oncológicos (com câncer). Considerando a estrutura que a gente tem agora, e quais cursos poderíamos ofertar, vamos trabalhar no PDI do ano que vem", acrescenta.

De acordo com o diretor geral, "o IFPR de Londrina tem o campus avançado de Arapongas, de Astorga, e o Centro de Referência de Maringá também pertence a Londrina. Temos convênio com Cambé e com Cornélio Procópio, mas possivelmente devemos ampliar cursos de tecnologia da informação e comunicação.”

O IFPR de Londrina também está em diálogo com o Ministério de Ciência e Tecnologia para trazer uma unidade descentralizada do CTI de Campinas (Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer). “Esse espaço vai servir para fazer biomodelos para planejamento cirúrgico que seriam utilizados por profissionais da Medicina e da Odontologia que precisam simular cirurgias virtualmente. A gente está aguardando a autorização do Ministério, e os recursos devem ficar em torno de R$13 milhões. Eles estão estudando a viabilidade orçamentária para poder investir nessa estrutura”, explica Poleti.

A deputada Luísa Canziani afirmou que o novo campus da IFPR é uma conquista histórica para nossa cidade e nossa comunidade. “Com a certeza de que vamos ter que trabalhar para a ampliação do bloco para que a gente possa viabilizar o ginásio de esportes e o restaurante universitário e tantas outras demandas que haverão de surgir através de nosso instituto federal na zona norte de Londrina.”

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