Com o aumento exponencial no número de casos, a região Sul se tornou o mais novo epicentro da Covid-19. O aumento da mortalidade e alta taxa de ocupação dos leitos de UTI motivaram a visita do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, ao Paraná nesta quinta-feira (23), depois de passagem da comitiva pelos estados do Rio Grande Sul e Santa Catarina. Em reunião técnica com a equipe do governador Ratinho Junior (PSD) e o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), Pazuello foi cobrado sobre a falta de insumos e medicamentos para combate à Covid-19. Na capital, a taxa de ocupação de leitos chegou a 91% na última semana.

Imagem ilustrativa da imagem No Paraná, ministro da Saúde é cobrado por falta de insumos para Covid-19
| Foto: Rodrigo Félix Leal/AEN

Na terça-feira (22), um dia antes da visita do ministro, o secretário estadual de Saúde, Beto Preto, havia anunciado que o estoque para insumos usados em respiradores de leitos de UTI só seriam suficientes para mais três ou quatro dias. "É muito grave essa situação, conseguimos respiradores e profissionais, mas há uma falta crônica desses medicamentos para manter pacientes sedados". Já em Londrina, o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, informou que há estoque suficiente para 120 dias.

Em entrevista coletiva no Palácio Iguaçu durante a tarde, o ministro da Saúde admitiu que há uma instabilidade no fornecimento de alguns insumos. Segundo Pazuello, o Ministério da Saúde passou a coordenar a logística para garantir um estoque emergencial a fim de diminuir gargalos na distribuição por estados e municípios. "Existe aumento de preços, falta em alguns lugares na linha de frente. Concluímos que precisávamos de um estoque emergencial e buscamos junto com alguns fornecedores com estoques não vendidos. Com isso, conseguiremos entregar no momento certo onde está faltando para evitar colapso. Ainda estamos negociando preço no mercado internacional. Recentemente compramos lotes pelo Uruguai para suprir Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que estavam mais apertados naquele momento", afirmou o interino, que é o terceiro a chefiar a pasta na gestão Bolsonaro.

No Paraná, o ministro defendeu uma licitação mais centralizada da compra desses insumos para atender os 26 estados e o Distrito Federal. "Onde o preço aí sim estará equalizado, com logística de entrega, com negociação direta com produtores para dar certeza da entrega. Esse processo licitatório está rodando há 20 dias e na próxima segunda-feira as atas estarão abertas para os governadores fazerem os pedidos na quantidade correta, sem o medo do desabastecimento."

Ratinho Jr. fez reivindicações para Pazuello para mais medicamentos a fim de atender sobretudo a capital do Estado. "Pleiteamos ao ministro a necessidade de alguns insumos e medicamentos. Foi uma reunião extremamente técnica. Assinamos recentemente a abertura de novos leitos, e neste momento de frio, tanto nosso planejamento quanto do ministério, o Sul do país iria sofrer mais nesta época."

MAIS LEITOS

Aliado do presidente Jair Bolsonaro, Ratinho Junior disse que demonstrou ao ministro as medidas adotadas pelo Paraná no combate à pandemia. Segundo ele, entre os destaques estão a abertura de novos leitos nos hospitais públicos e filantrópicos realizada nos últimos 130 dias. "Abrimos mais de mil leitos exclusivos para Covid-19, muitos deles com ajuda do Ministério da Saúde. Mostramos a potencialização dos hospitais universitários e filantrópicos. Também os hospitais entregues em Ivaiporã, Guarapuava e Telêmaco Borba."

O Paraná chegou a 1.017 novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva para adultos na rede exclusiva de atendimento contra o novo coronavírus. A estrutura atual representa aumento de 76,5% em relação ao estoque de antes da pandemia, que era de 1.329 leitos. A previsão do governo do Estado é alcançar 1.241 leitos em agosto.

AUTONOMIA

Questionado sobre a manutenção das medidas de distanciamento social, o ministro reforçou que os gestores estaduais e municipais têm total autonomia para determinar quarentenas mais rigorosas e lockdown para frear o contágio. "Qualquer pronunciamento meu neste sentido seria praticamente político e essa não é bem minha linha. O gestor municipal é quem está com essa batata quente na mão. Com certeza, essa decisão olhando os números e suas características, o gestor local toma suas próprias decisões. O ministério é um órgão de orientação técnica, de distribuição de recursos e apoio, mas a decisão é do gestor e precisa ser apoiada."