No interior de SP, prefeitura divulga cadeia de transmissão do coronavírus como alerta
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sexta-feira, 15 de maio de 2020
CRISTINA CAMARGO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após confirmar uma morte por Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, a Prefeitura de Uru, cidade de 1.165 habitantes localizada a 419 km de São Paulo, publicou nas redes sociais informações sobre a cadeia de transmissão na cidade. Os dados foram levantados por meio de pesquisa epidemiológica.
Com o título "Utilidade pública", a nota tenta explicar porque uma cidade com tão poucos habitantes já registra uma morte. No total, são três casos confirmados da doença em Uru --um deles é do paciente que morreu e os outros dois de pessoas curadas.
"A doença chegou fácil e rápido. Mas cabe lembrar que somos nós que vamos ao encontro do coronavírus quando saímos de casa", diz comunicado oficial.
Sem citar nomes, a prefeitura informa que a transmissão começou com dois moradores que foram a uma festa em Bauru, cidade localizada a 90 km de Uru, e supostamente tiveram contato com pessoas contamidadas. Uma delas pode ter transmitido o coronavírus para um tio idoso e portador de enfisema pulmonar. Internando em estado grave, esse homem morreu.
A prefeitura também faz questão de informar que o idoso foi infectado em sua própria residência, "por parente e vizinho que não respeitaram a quarentena e a recomendação de ficar em casa".
Além de divulgar a cadeia de transmissão, o prefeito Benedito José Ribeiro, o Ditão (PSDB), pede que os moradores não recebam visitantes de outras cidades, evitem sair e cancelem os "almoços de domingo em família, os churrascos ou aniversários". "A missão é proteger o povo desse vírus", diz.
Diante do risco, toda a população recebe um kit de máscaras e para as famílias mais pobres foram entregues produtos como álcool em gel, detergente e sabonete.
Na quarta-feira (13), o governo de São Paulo fez um alerta sobre o aumento dos casos de infecções e de mortes causados pelo novo coronavírus no estado. O número de mortes causadas pela Covid-19 dobrou em apenas duas semanas e chegou a 4.118. Cento e noventa e duas cidades já têm registros de ao menos uma morte.
Hoje, são mais de 9.600 pacientes internados em São Paulo, sendo 3.702 em UTI e 5.950 em enfermaria.
A taxa de ocupação dos leitos de UTI reservados para atendimento a pacientes da Covid-19 é de 68,3% no Estado de São Paulo e 87,2% na Grande São Paulo.
Prefeitos de cidades pequenas e sem rede hospitalar como Uru temem a dificuldade para conseguir leitos de UTI caso aumentem o número de casos graves.
"Lembramos que o município de Uru terá muita dificuldade em conseguir vagas de UTI para casos graves", diz trecho do comunidade de alerta divulgado para a população.
O paciente que morreu, por exemplo, foi atendido inicialmente no pronto-socorro da vizinha Cafelândia e depois transferido para o Hospital Estadual de Bauru, onde foi internado na UTI.
As maiores cidades têm mais recursos e oferta de leitos de UTI, fazendo com que casos de média e alta complexidade em pequenos municípios dependam de transferência para esses locais de referência. Menos de 10% dos 5.570 municípios brasileiros têm leitos de UTI.
Campinas, a maior cidade do interior de São Paulo, anunciou na quarta (13) a adoção de rodízio de veículos como forma de combater o novo coronavírus. É a primeira vez que a cidade de 1,2 milhão de habitantes adota a medida.
Até o momento, Campinas tem 669 casos confirmados da doença e 28 mortes.