Brasília, 30 (AE) - A ex-primeira-dama de São Paulo, Nicéa Pitta quer enfrentar "cara-a-cara" as pessoas acusadas por ela de participarem de um suposto esquema de superfaturamento na compra de medicamentos para a Prefeitura de São Paulo. Há dois dias Nicéa vem ligando insistentemente para a CPI dos Medicamentos propondo uma acareação, entre ela, o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Jorge Pagura, o chefe de gabinete da Secretaria, César Castanho, e os médicos Nelson Giusti e Vicente Delemanha.Todos depuseram essa semana à CPI.
Segundo o presidente da comissão, Nelson Marchezan (PSDB- RS), o primeiro a receber a proposta, a acareação não está descartada. "Mas, não sei se isso resolveria, poderia ser uma troca de acusações inúteis." Ele vai estudar a possibilidade de fazer o pedido à comissão. Marchezan disse que esperava mais do depoimento da ex-primeira-dama, que não apresentou novidade. A "fita bomba", enviada por Nicéa, nada tinha sobre medicamentos.
Na gravação, a primeira-dama conversa com uma pessoa, que se identifica apenas por Alex. Depois de mais de 10 minutos de conversa - Nicéa acredita estar falando com um representante de laboratório - o homem diz ser proprietário de uma empresa de limpeza e segurança. Ele acusa a prefeitura de ter tirado sua empresa do módulo 15 do Plano de Atendimento à Saúde (PAS) no Tatuapé, provocando um prejuízo de R$ 600 mil. No final da conversa, o homem promete a Nicéa várias fitas com denúncias dentro do módulo.
"Para nós que investigamos a corrupção no setor de medicamentos essa fita nada acrescentrou", afirmou Marchezan. Outro deputado procurado por Nicéa, Arlindo Chinaglia (PT-SP) explica que a primeira-dama parece querer "tirar a limpo" essa história. Segundo o deputado, em conversa por telefone com Nicéa
hoje, ela disse acreditar que em uma acareação essas pessoas não teriam coragem de mentir."Mas, eu não sei se esse é o caminho", afirmou
A CPI solicitou a Nicéa as outras fitas entregues ao Ministério Público, durante seu depoimento ontem. A comissão também acionou a Polícia Federal para que localize o homem (Alex) e requisite as fitas que ele diz ter.Mas, não é só Nicéa Pitta que deve informações à CPI. Segundo Marchezan, o secretário Jorge Pagura, terá que apresentar vários documentos sobre a compra de medicamentos pela Prefeitura de São Paulo. Em seu depoimento, vários pontos ficaram obscuros.
Marchezan disse que ainda não foi solicitada a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de Pagura. "Estamos estudando para ver a necessidade de se quebrar o sigilo das outras pessoas." Para o relator da comissão, Ney Lopes (PFL-RN)
há vários indícios de irregularidades na Saúde de São Paulo. "Todas levam ao secretário e por isso ele tem que ser investigado."