Nicéa acusa Maluf de montar esquema de corrupção11/Mar, 0:47 São Paulo, 10 (AE) - A primeira-dama Nicéa Pitta afirmou hoje que o esquema de compra de votos na Câmara utilizado por seu ex-marido foi montado por seu antecessor e padrinho político Paulo Maluf (PPB). O sistema de compra de votos teria como intermediário - na negociação com os vereadores - o ex-secretário de Governo, Edevaldo Alves da Silva, que atuou na gestão Maluf e chegou a trabalhar como secretário de Pitta no início de seu mandato. Nicéa revelou ainda que o "rompimento" entre Pitta e Maluf seria falso. Fez parte da estratégia para atenuar as acusações sobre o ex-prefeito durante as investigações da Máfia dos Fiscais na Câmara. Em resposta às declarações de Nicéa, Maluf e Edevaldo divulgaram nota acusando o governador Mário Covas (PSDB) de estar por trás das denúncias. "Tenho absoluta certeza de que há interesses políticos escusos nisso porque a Nicéa é uma senhora do lar, nunca se envolveu em política", disse o ex-prefeito. Segundo ele, as afirmações de Nicéa ao Globo Repórter sobre a relação "amistosa" com o governador são a prova de que Covas é o responsável pelo ocorrido. "Vou mandar investigar a participação do governador nisso e tomar as providencias cabíveis para processá-lo se for o caso", disse o ex-prefeito. De acordo com a nota, "o olhar de Nicéa e a maneira como gaguejava durante a entrevista pressupõe a necessidade de um exame médico. Seus olhos esbugalhados indicam que talvez ela estivesse sob o efeito de algum medicamento que prejudicasse seu raciocínio." Maluf rebateu as acusações da primeira-dama sem se pronunciar sobre cada uma delas. A nota sustenta que a entrevista "parece mais uma manobra para encobrir o escândalo que envolve a construção de casas populares do governo do Estado e o filho do governador, Mário Covas Neto, o Zuzinha". O ex-prefeito disse ter sido prejudicado pela reportagem da Rede Globo, que teria gravado a íntegra da nota no início da exibição do Globo Repórter mas não divulgado sua reação durante o programa. "A nota foi censurada", reclamou.