Nova York, 12 (AE-DOW JONES) - A turbulência do Índice Nasdaq, que reúne as ações de tecnologia do mercado americano, acentuou-se hoje, fazendo com que o indicador fechasse pela primeira vez desde 31 de janeiro abaixo dos 4 mil pontos, espalhando nervosismo pelas bolsas de todo o mundo. O indicador caiu 7,06%, ou 286,27 pontos, para fechar em 3.769,63 pontos, o menor nível desde 6 de janeiro.
A queda é a segunda maior em pontos e a sexta em porcentual da história do índice. Na semana, o Nasdaq acumula desvalorização de 15,22%. Desde a sua última alta recorde, quando fechou em 5.048,62 pontos, no dia 10 de março, a perda já atinge os 25%. No ano, o indicador, que chegou a subir mais de 24%, apresenta queda de 7,4%.
Nem as ações da chamada "velha economia", que vinham se beneficiando da fuga da bolsa eletrônica, resistiram à onda de vendas que tomou conta do mercado. O Dow Jones, que reúne as 30 blue chips da Bolsa de Nova York, manteve-se em alta durante boa parte do dia, chegando a atingir 11.425,45 pontos na máxima, mas
por volta das 15h, iniciou uma trajetória brutal de queda, para fechar em 11.125,13 pontos - uma perda de 161,95 pontos, ou 1 43%.
O Standard & Poors (S&P), índice amplo que reúne 500 ações da velha economia, teve sua pior queda desde 7 de março, perdendo 33,40 pontos, ou 2,2%, para fechar em 1.467,19 pontos.
A Microsoft mais uma vez liderou a queda do Nasdaq e ajudou a derrubar o Dow Jones, que vinha subindo graças ao desempenho das ações da J.P. Morgan, que anunciou ganhos maiores do que os esperados no primeiro trimestre.
Os papéis da gigante da informática, que integram tanto o Nasdaq quanto o Índice Dow Jones, despencaram desde o início do pregão por conta das declarações do influente analista da Goldman Sachs, Rick Sherlund, que anunciou o rebaixamento da sua previsão de faturamento da companhia, em razão da perspectiva de queda nas vendas de computadores pessoais. Com isso, as ações da Microsoft caíram US$ 4,25, para US$ 79,38.
No ano, as ações já perderam 32% do seu valor, e a Microsoft ocupa agora o terceiro lugar no ranking das empresas de maior valor de mercado, atrás da General Eletric e Cisco Cystems, número 1 na fabricação de equipamentos para Internet.
O tombo da bolsa eletrônica nos Estados Unidos foi derrubando, uma a uma, as bolsas latino-americanas. Em São Paulo, a Bovespa chegou a ensaiar um descolamento do Nasdaq, operando em alta boa parte do dia. No fim da tarde, porém, acompanhou o mercado e fechou em baixa de 1,30%. México e Argentina também registraram perdas de, respectivamente, 3,01% e 1,02%.
Na Europa, as principais bolsas fecharam com índices próximos ao zero, antes da grande queda do Nasdaq, depois de abrir em alta com os investidores aproveitando para comprar as já muito baratas ações de tecnologia. O Índice FTSE londrino fechou com queda de 0,45%; Paris perdeu 0,36% e Frankfurt registrou alta de 0,01%.
Para o diretor de Estratégia de Investimentos para a América Latina da Goldman Sachs, Jorge Mariscal, a correção pela qual passa o Nasdaq é dolorosa, mas saúdavel. "Para um mercado que no último ano teve uma valorização de quase 100%, 20% a 25% de correção não podem ser consideradas uma catástrofe."
Ele diz que é difícil saber o ponto exato em que a correção deve parar; mas é certo os investidores não vão mais se basear nas promessas das empresas de tecnologia, mas nos resultados.
"Agora o que se quer é rentabilidade e visibilidade do fluxo de caixa; o cenário é de aversão ao risco."
Mariscal analisa que os mercados na América Latina têm seguido as quedas do Nasdaq sem que haja um motivo racional. "Com isso, esses papéis estão muito baratos."