BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em meio a um novo aumento do desmatamento, o vice-presidente Hamilton Mourão defendeu a atuação das Forças Armadas na floresta amazônica até 2022 e disse que o esforço é para evitar que o Brasil seja rotulado de novo como um vilão do meio ambiente.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro autorizou o envio de tropas das Forças Armadas para o combate a queimadas e desmatamento na Amazônia Legal. O prazo do decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) é até junho, mas a tendência é de que ele seja estendido até o final do ano.

"A nossa visão é que vai iniciar a temporada das secas. Então, temos de estar preparados para evitar que as queimadas ocorram. Exatamente porque nós não queremos que o Brasil seja colocado para o restante do mundo como vilão do meio ambiente. Nós não somos isso", disse Mourão.

Em entrevista a veículos de imprensa, o general da reserva, que comanda o Conselho da Amazônia, defendeu a utilização do contingente militar diante da falta de recomposição dos quadros de órgão de fiscalização ambiental, como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente).

"O planejamento do Ministério da Defesa se estende ate o final deste período de governo do presidente, até 2022. Não temos dúvida que o problema vai continuar a existir", disse. "O planejamento é perene até que nós consigamos recompor os quadros dos órgãos de fiscalização ambiental e tenha uma força efetivamente voltada pata isso", acrescentou.

Neste início de ano, segundo dados dos sistemas de alerta utilizados pelo governo federal, o desmatamento da floresta amazônica acumula alta de 55% em 2020. O Pantanal também apresentou recorde histórico de queimadas para um início de ano.

O vice-presidente afirmou que o emprego das Forças Armadas na área de proteção ambiental não é o mais adequado, mas é o único meio "que nós temos para conseguir impedir e evitar que essas ilegalidades continuem a acontecer".

Em discurso afinado ao de Mourão, o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, ressaltou que a região amazônica é "gigantesca" e que a atuação militar se torna necessária para conseguir fazer um monitoramento e uma fiscalização efetivos para combater as atividades ilegais.

"Nós precisamos ter muita disposição para mudar essa visão que o mundo muitas vezes forja da Amazônia para nos colocar como vilões. A gente não pode aceitar essa pecha de vilões. Se ele estivessem aqui, talvez não conseguissem fazer isso, porque não conseguiram impedir que as suas florestas fossem devastadas", disse.

Na entrevista, Mourão afirmou que o papel do Ministério da Defesa tem sido o de coordenação e controle e que ele não substituirá a atuação do Ibama e do ICMBio. Segundo ele, o objetivo do contingente militar será o de "facilitar o trabalho dos agentes de fiscalização".

Presente na entrevista à imprensa, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que o déficit de pessoal no Ibama é "muito grave" e se estende "há muito anos". Ele reconheceu que tem havido um aumento do desmatamento, agravado pelas restrições impostas pela pandemia do coronavírus.

"Nós temos de segurar o atual percentual [de desmatamento] e trabalhar para que no ano que vem tenha uma redução drástica com relação ao desmatamento com base em 2018 e em 2019", disse.