Chega ao fim nesta sexta-feira (16) o prazo concedido pelo TCE-PR (Tribunal de Contas do Estado) para que oito municípios do Paraná expliquem por que ainda apresentam índices de aplicação das vacinas contra a Covid-19 menores do que 70% no SI-PNI (Sistema de Informação do Plano Nacional de Imunização). Desde março deste ano, gestores de estabelecimentos de saúde públicos e privados estão sendo obrigados a atualizar diariamente as informações referentes à aplicação das vacinas e eventuais efeitos adversos, o que não vem acontecendo com a agilidade desejada em 100% dos 399 municípios do Paraná.

O TCE apontou que a fiscalização visa aumentar a transparência e o controle social, além de evitar que lotes de vacinas acabem vencendo ou estragando devido a problemas no armazenamento. Algumas prefeituras ouvidas pela reportagem justificaram que o atraso no cadastramento das informações se deve ao número reduzido das equipes de saúde, entre outros problemas.

Imagem ilustrativa da imagem Municípios devem prestar esclarecimentos sobre atrasos na imunização contra a Covid-19
| Foto: José Marcos/Agência Enquadrar/Folhapress

Este foi o caso do município de Colorado (Noroeste), que registrou o terceiro pior resultado no ranking do TCE. Até o dia 9 de julho, data do envio das notificações, o município aparecia com 66,47% de índice de aplicação das doses encaminhadas pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde). O secretário municipal de Saúde, José Hélio, admitiu o atraso no cadastramento das informações e explicou que, em apenas uma das seis unidades de saúde que realizam a vacinação, mil doses haviam sido aplicadas, porém ainda não haviam sido lançadas no sistema. "O índice verdadeiro de aplicação das vacinas ultrapassa 80%”, afirmou.

Questionado, também admitiu que o número informado pelo site da Prefeitura sobre o total de casos ativos – 1.002, também está errado. “É falta de pessoal para atualizar. Deu uma diminuída nos casos, agora”, lembrou.

Com o segundo pior resultado no ranking do TCE, Candói (Campos Gerais) alegou estar sendo notificada por um problema “antigo”, explicou a secretária municipal de Saúde, Danielli Smuzek. De acordo com ela, o município recebeu um lote de 3,1 mil doses destinado à população quilombola. No entanto, por possuir apenas cerca de 300 pessoas que se enquadram nesta classificação, 2,8 mil doses foram devolvidas. Ela também explicou que a Sesa foi informada da devolução. “Esta é a terceira ou quarta vez que estamos respondendo ao Tribunal de Contas. Foi repassado para a Sesa e o Ministério da Saúde ainda não ajustou. Recebemos 9.227 doses, mas está constando 12 mil. Até agora, foram aplicadas 7.227, então é 83,74%”, justificou.

Localizada a 130 quilômetros de Curitiba, Doutor Ulysses só conseguiu comprovar a aplicação de 67,67% das doses recebidas até a semana passada. O motivo seria as dificuldades encontradas por servidores para cadastrar as informações no sistema, explicou o secretário municipal de Saúde, Anderson Leme da Silva. Ele também garantiu que o índice “verdadeiro” da vacinação é 75%, o que estará corrigido nos próximos dias.

Ainda na região de Curitiba, o município de Lapa aparece com o melhor resultado dentre as oito cidades notificadas, 68,05%. Segundo o assessor da Secretaria Municipal de Saúde, Alex Cegan, 23.335 doses referentes à primeira dose contra a Covid-19 já foram aplicadas, além de 6.690 referentes à segunda. Desta forma, o índice "real" sobe par 89,3% quando consideradas as 33.617 doses recebidas.

A maior lentidão foi encontrada em Palmeira, nos Campos Gerais. O município de cerca de 32 mil habitantes aparece no ranking com apenas 58,7% das vacinas aplicadas, segundo o TCE. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura, mas o secretário municipal de saúde não foi localizado. Entretanto, conforme as informações apresentadas pelo sistema do governo do Paraná, Palmeira atingiu índice de aplicação de 80,8% referente às primeiras doses e 66,8% referente às segundas.

Os outros municípios notificados foram Ivatuba (67,03%), São Pedro do Iguaçu (67,94%) e Tunas do Paraná (68,02%). No entanto, a reportagem não conseguiu localizar os gestores da Saúde.

O TCE divulgou que a média estadual do índice de aplicação das vacinas em relação ao número de doses enviadas caiu de 89,23% para 85,97% entre os dias 24 de junho e a semana passada, o que motivou o envio das notificações.

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