A morte da jovem Daiane de Jesus Oliveira, 28, na madrugada de domingo (28), em Cascavel (Oeste) causou consternação. A jovem foi agredida por seguranças em frente a uma casa noturna, deixada caída na rua e atropelada por um carro. O motorista não prestou socorro.

Imagem ilustrativa da imagem Mulher morre após ser agredida e atropelada em Cascavel
| Foto: Celso Pacheco/1-11-2016

A situação foi flagrada por câmeras de segurança. Nas imagens divulgadas pela TV Globo, é possível ver Daiane sentada em frente ao estabelecimento e a chegada de um homem com uma lanterna. Ele chuta o que parece ser uma lata, que estava com a mulher, ela se agarra às costas dele e as agressões começam. Na sequência, outras duas pessoas saem de dentro da casa noturna, sendo que um homem vai em direção aos dois e entra na confusão, enquanto que a outra fica observando.

O primeiro homem continua agredindo Daiane e, após um empurrão, ela cai na rua Paraná e não se levanta mais. As imagens mostram que as três pessoas não prestam socorro à vítima, e estão presentes no momento em que uma motocicleta passa pela via, ao lado da mulher.

Pouco tempo depois, um grupo de cinco pessoas sai do estabelecimento e caminha em direção à Daiane, que permanece imóvel. Eles notam que um carro está se aproximando e acenam, mas o motorista atropela a jovem, que foi arrastada por 70 metros e morreu no local.

“O que se sabe até o momento é que três pessoas estavam em frente ao estabelecimento comercial, uma boate conhecida como Moonlight, e tiveram uma discussão com uma pessoa e, posterior a essa discussão, essa pessoa vem a continuar deitada ao solo e foi vítima de atropelamento”, disse o delegado Diego Ribeiro Martins dos Santos, em coletiva de imprensa na manhã de segunda-feira.

Segundo o delegado, o motorista do veículo, que ainda não havia sido identificado, pode responder por homicídio culposo, “inclusive com a majorante por não ter, em tese, prestado socorro”. “A gente não sabe as circunstâncias que aconteceram, por qual motivo ele deixou de prestar socorro.”

Santos ressaltou que apenas com as imagens que circulam na internet “é difícil” tipificar a conduta dos envolvidos no caso, e que os laudos periciais e as oitivas de testemunhas, suspeitos e outras pessoas devem auxiliar na investigação.

Até o momento da entrevista, duas pessoas haviam sido identificadas e uma terceira, não. O outro homem que aparece nas imagens, que apenas observa a situação, pode responder por omissão, segundo o delegado, uma vez que “não contribuiu para salvaguardar a vida da vítima”. Essa análise, no entanto, deve ocorrer a partir das provas técnicas e da perícia, que também deve apontar se Daiane estava inconsciente quando foi deixada deitada.

EMPRESA

Em uma nota encaminhada à imprensa ainda no domingo, a casa noturna informou que “os seguranças envolvidos na situação foram imediatamente afastados de suas funções, enquanto aguardamos os desdobramentos das investigações”. “Além disso, queremos enfatizar que estamos igualmente preocupados com o bem-estar dos familiares da vítima. Estamos disponíveis para prestar todo o suporte necessário nesse momento difícil, oferecendo apoio emocional e auxílio prático para amenizar o impacto dessa trágica ocorrência.”

INVESTIGAÇÕES

Segundo informações da Polícia Civil, ao longo desta segunda-feira foram ouvidas cinco testemunhas do atropelamento, que são as pessoas que aparecem no final do vídeo e tentam alertar o condutor do carro. Além disso, também foram ouvidos os dois seguranças.

Em relação ao motorista que atropelou a mulher, um advogado contatou a Civil e afirmou que ele iria se apresentar à polícia. A investigação deve ficar a cargo da Delegacia de Homicídios.

POLICIAL PENAL

Um policial penal é suspeito de ser um dos seguranças envolvidos nas agressões à mulher. Procurada pela FOLHA, a PPPR (Polícia Penal do Paraná) informou, em nota, que “afastou imediatamente o servidor das funções até que os fatos sejam esclarecidos”.

“A PPPR ainda não teve acesso ao inquérito que apura os fatos, mas vai contribuir com as autoridades que investigam o caso. Nossa corporação lamenta profundamente o ocorrido e se solidariza com familiares e amigos da jovem”, aponta o texto.

A PPPR também ressaltou que o trabalho da instituição “é pautado pelo respeito ao próximo, pelo compromisso com a segurança pública e com a sociedade”. “Repudiamos veementemente atos de violência e ações isoladas não condizem com os princípios da Polícia Penal do Paraná e serão apuradas com rigor. Um procedimento administrativo, instaurado pela corregedoria da PPPR, vai apurar a conduta e as responsabilidades do policial penal.”

VÍTIMA

Daiane de Jesus Oliveira morava em Tupãssi, município distante 50 quilômetros de Cascavel. O corpo da mulher foi velado e sepultado nesta segunda-feira (29) no Cemitério Distrital de Jotaesse, na mesma cidade. (Com Folhapress)

(Atualizada às 18h15)