Curitiba - A Sociedade Beneficente Muçulmana do Paraná está denunciando atos de intolerância e violência cometidos contra muçulmanos em Curitiba. Esse clima de islamofobia que se instalou com força na capital paranaense após os atentados terroristas em Paris, no dia 13 de novembro, atinge principalmente as mulheres muçulmanas porque o uso da véu as expõe com mais evidência como seguidoras do Islã. Uma muçulmana de Curitiba foi agredida com uma pedrada no último dia 20, quando caminhava perto da casa onde mora, nas imediações do Jardim Botânico. Detalhe: o agressor era um senhor de idade que estava acompanhado de uma criança, possivelmente neta dele. Na tarde de ontem, a Sociedade Muçulmana do Paraná organizou uma coletiva para tornar público os episódios de preconceito contra as pessoas que seguem a religião fundada pelo profeta Maomé. A entrevista aconteceu na mesquita Imam Ali. Luciana Schmith Veloso, de 34 anos, que foi agredida com uma pedrada, e Paula Zahara, de 33, deram um depoimento sobre como o preconceito está atingindo os cerca de quatro mil muçulmanos que vivem na capital paranaense. No Estado, são cerca de 25 mil muçulmanos.
Omar Nasser Filho, diretor de comunicação da Sociedade Muçulmana, disse que um representante da entidade vai acompanhar Luciana para registrar queixa na polícia. Ele garantiu que a entidade também vai levar o caso para as comissões de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Assembleia Legislativa do Paraná e para o Conselho Estadual de Igualdade Racial. "Se não bastasse todo o tipo de violência que as mulheres sofrem na nossa sociedade, agora tem a violência de caráter religioso e étnico", constatou. Ele comentou que a entidade vai buscar os instrumentos que a lei dispõe não só para penalizar os responsáveis pelos atos de violência e preconceito como para garantir a segurança dos muçulmanos que vivem em Curitiba.

Muçulmanos de Curitiba denunciam islamofobia
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Luciana e Paula contam que diariamente sofrem algum tipo de preconceito - uma coisa comum é tentar puxar o véu que elas usam para cobrir a cabeça. Mas a situação piora quando acontecem ataques terroristas. No último dia 19, quando Luciana estava dentro de um ônibus, um homem levantou e começou a fazer um protesto contra o Islã e disse para ela voltar para "o seu país". "O engraçado é que eu sou brasileira". No dia seguinte, o idoso atirou a pedra que acertou a perna de Luciana, deixando um hematoma. "Eu fiquei bastante assustada com a situação, sai correndo, nem olhei direito pra ele", contou.
Paula relatou que também já foi agredida dentro de um ônibus e na rua as pessoas xingam e atiram coisas de dentro do carro. Os ataques também vêm pela internet. "Eu vou ter que tirar o meu véu para poder andar na rua? A gente não pode mais sair com os nossos filhos na rua. A gente tem medo de ser agredida. Meu filho de 9 anos não vai mais para a escola com medo. As pessoas falam para ele que a mãe dele é mulher bomba. Até quando vai respingar isso em nós? Eles (terroristas) não são muçulmanos", emocionou-se Paula. "É muito triste", resumiu Luciana, que era cristã e se converteu ao Islã há alguns meses. "Nós temos direito a nossa identidade e a mostrar a nossa fé. Não sei porque isso incomoda tanta gente", reclamou.
A Sociedade Muçulmana está divulgando um manifesto em que repudia o terrorismo e denuncia a "maré crescente de islamofobia em nosso País".