MST promove marchas de protesto
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terça-feira, 08 de fevereiro de 2000
por Luiz Carlos Lopes
Marília, SP, 8 (AE) - Com a mobilização de cerca de 300 pessoas, o Movimento dos Sem-Terra (MST) deu início ontem (7) pela rodovia Wasghington Luiz, em Matão, a uma marcha de protesto programada para chegar a São Paulo no próximo dia 21, quando serão realizadas manifestações públicas. Outro grupo de 300 trabalhadores partirá no dia 15 de Sorocaba, pela rodovia Castelo Branco, com o mesmo destino.
Segundo o coordenador estadual do MST, João Paulo Rodrigues, as duas marchas pretendem denunciar a prisão de seis integrantes do movimento que participaram da ocupação e depredação do pedágio de Boituva, no dia 10 de novembro. Desde então os seis estão presos em Sorocaba e segundo Rodrigues, a Justiça já negou A eles liberdade provisória e habeas-corpus. "Estas prisões são políticas pois legalmente eles não poderiam ficar presos, sem condenação, por mais do que 81 dias", disse.
Além de protestar contra as prisões, as marchas pretendem denunciar a lentidão do governo na implantação da reforma agrária em São Paulo. De acordo com Rodrigues, durante o ano passado, nenhum novo assentamento foi implantado e os recursos para o desenvolvimento dos já existentes continuam esbarrando na burocracia oficial.
O MST ainda não definiu a programação a ser cumprida quando as duas marchas chegarem a Capital. Rodrigues informou que o plano é aumentar o número de participantes nos últimos dias da caminhada e obter o apoio de entidades paulistanas para os atos públicos que serão realizados. Os principais dirigentes do movimento, entre eles o líder José Rainha Júnior, deverão estar presentes.
Julgamento- O MST pretende mobilizar milhares de trabalhadores de todo o País para acompanhar o julgamento do líder José Rainha Júnior, em Vitória-ES, no dia 8 de março. Rainha será julgado pela segunda vez, acusado de participar, em 5 de junho de 1989, do assassinato de um fazendeiro e de um policial militar, durante invasão da fazenda Ypuera em Pedro Canário, naquele estado.
No primeiro julgamento, em 10 de junho de 97, o líder foi condenado a 26,6 anos de prisão. Como a pena ultrapassou 20 anos ele teve direito ao novo julgamento que deveria ter sido realizado em dezembro mas que acabou sendo adiado para o dia 8 de março porque o réu, alegando não ter sido notificado, deixou de comparecer.
Segundo João Paulo Rodrigues, mais de uma dezena de ônibus sairão do Pontal do Paranapanema com destino a Vitória , levando sem-terra para acompanhar o julgamento. No último encontro estadual do MST, realizado em Itapeva, ficou definido que de todas as regiões do Estado serão enviadas comitivas de trabalhadores. O mesmo será feito nos estados onde o movimento tem atuação. Os dirigentes do movimento estão trabalhando para obter a adesão de entidades ligadas aos direitos humanos, inclusive do exterior, para acompanhar o julgamento.