MST diz que fiança de R$ 500 é 'coisa de rico'
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sexta-feira, 19 de maio de 2000
Paulo Pegoraro De Cascavel
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) considera coisa de rico a fiança no valor de R$ 500,00, que foi sugerida pelo Ministério Público (MP) para a libertação de nove lavradores e um coordenador regional. Eles foram presos na segunda-feira após despejo de 36 famílias em Espigão Alto do Iguaçu, no sudoeste do Estado.
Os coordenadores contestam a decisão do delegado Ítalo Biancardi Neto que indiciou nove pessoas na Lei de Segurança Nacional (LSN). A advogada do MST, Cristiane de Lima Martins, afirma que a fiança sugerida pelo MP é excessiva. Um trabalhador não consegue reunir esse valor da noite para o dia, disse. A advogada discorda da fixação de um valor como condicionador da liberdade de uma pessoa. Segundo ela, não se tem conhecimento, no Estado, de fiança neste montante, para casos relacionados à questão fundiária.
O valor foi sugerido pelo promotor Cláudio Cortesia, mas o juiz
Plínio Carvalho, substituto na Comarca de Quedas do Iguaçu, ainda não se pronunciou.
Dos sem-terra presos apenas um tem antecedentes criminais. Maurilio Borges, que não foi indiciado com base na LSN, já foi preso por porte de arma e responde a processo por furto. Os outros, entre eles o coordenador Natalino dos Santos, foram enquadrados na LSN por perturbação à ordem social e resistência à ordem do poder judiciário, na reintegração de posse. No momento oportuno iremos ao mérito da questão, os alegados delitos, disse Cristiane de Lima. O MP estadual se pronunciará sobre o efetivo enquadramento na LSN quando o inquérito estiver concluído.
O MST tinha programado para ontem uma grande manifestação no Sudoeste, que foi adiada por causa da chuva e ainda não tem nova data para acontecer.
Ontem, entidades ligadas à Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), distribuíram nota em Cascavel esclarecendo a diferença entre elas e cooperativas ligadas ao MST, que estão sendo investigadas por possíveis irregularidades na utilização de recursos federais. A nota esclarece que as cooperativados do MST não integram o sistema oficial.