A direção estadual do MST-PR (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) cobra a prisão dos envolvidos no assassinato de Ênio Pasqualin, 48, líder do movimento no Sudoeste. Morador do assentamento Ireno Alves dos Santos, em Rio Bonito do Iguaçu, Pasqualin foi surpreendido por dois homens na noite de sábado (24), na entrada de casa. O corpo dele só foi encontrado na manhã de domingo, às margens de um rio que fica a cerca de 10 quilômetros do assentamento. O MPF (Ministério Público Federal) também instaurou um procedimento administrativo para acompanhar as investigações.

Imagem ilustrativa da imagem MST cobra prisão de envolvidos em assassinato no Sudoeste
| Foto: MST-PR

O caso está aos cuidados da Polícia Civil de Laranjeiras do Sul. De acordo com os familiares de Ênio Pasqualin, dois homens foram responsáveis pelo crime. Conforme depoimentos dados ao delegado Marcelo Trevisan, Pasqualin chegou a ser baleado na perna, mas conseguiu fugir para dentro de casa. Na residência, seus familiares chegaram a prestar socorro e tentaram bloquear a entrada dos bandidos. Entretanto, um deles conseguiu entrar e solicitou que todos entregassem os seus celulares. Em seguida, a dupla fugiu levando Pasqualin em uma caminhonete da família, abandonada no município de Mangueirinha, a 100 quilômetros de Rio Bonito do Iguaçu.

"Ainda estamos em diligência, portanto algumas informações que já possuímos não podem ser reveladas nesse momento, caso contrário poderiam atrapalhar a investigação", disse Trevisan. Ele acrescentou que a polícia trabalha com duas linhas de investigação, porém não entrou em detalhes.

Pasqualin iniciou a militância em 1996, em Saudade do Iguaçu. Foi coordenador de base, ocupou a função de dirigente estadual do MST-PR e participou de diversas ocupações em terras da região. “À família e aos companheiros e companheiras enlutados os mais profundos sentimentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Cobramos o esclarecimento dos fatos, a investigação e prisão dos envolvidos. Aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio, mas uma vida toda de luta!”, diz a nota.

Um dos integrantes da coordenação estadual do MST-PR, José Damasceno, reforçou que o grupo aguarda o andamento da investigação e uma rápida elucidação do crime. “Ainda está tudo muito misterioso. Para algumas pessoas da confiança dele, ele contou que estava recebendo ameaças, mas não deu detalhes e nem registrou queixa”, contou.

Cerca de mil famílias vivem no assentamento Ireno Alves dos Santos, onde ocorreu o crime. Conforme Damasceno, mais de 5 mil famílias estão em áreas ocupadas na região. “Tem acontecido muitos assaltos. Há um clima de muito medo, muito terror. As famílias estão muito assustadas. O crime organizado atua muito forte nessa região. Estamos indignados, esperamos justiça e que isso tudo seja apurado o quanto antes”, frisou.

Pelas redes sociais, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT) também cobrou explicações. "O assassinato não pode se tornar mais um crime impune na escalada de violência contra os movimentos sociais e contra todos que defendem os interesses do povo brasileiro", afirmou. (Colaborou Vitor Struck)