Campo Grande, 4 (AE) - O Mato Grosso do Sul vai aumentar a exportação interna de carne bovina em 5%, este ano, saltando de 25% para 30% de participação nacional nesse tipo de comércio. É uma expectativa criada em todos os segmentos da pecuária do Estado, a partir da exigência da Portaria 145, que permite a exportação do produto apenas sem os ossos e miúdos para os sete Estados considerados "zona livre de aftosa". O crescimento é para compensar o custo da desossa.
Segundo o presidente da Bolsa de Mercadoria de Futuro, João Pedro Cuty Dias, dos 32 frigoríficos existentes no MS, pelo menos 18 estão com plenas condições para a desossa, o que é suficiente para atender todo o mercado paulista. Paralelamente, procuram agregar novos valores nas exportações, oferecendo carnes bovinas mais nobres, como por exemplo, novilhos precoces e super-precoces. Ainda existe a possibilidade de oferecer carne do chamado "boi verde", animal criado sem qualquer interferência artificial, começando pelo pasto, que é de capim nativo.
O delegado regional do Ministério da Agricultura, José Antonio Roldão, afirmou que existem outras vantagens que estão sendo aproveitadas pelos frigoríficos. A principal delas é a forte tendência de baixa do gado em pé, cujo preço da arroba está oscilando entre US$ 18,00 e US$ 18,50. Isto porque é plena safra e, até o pico, que acontece em abril próximo, o boi, na fazenda, terá o preço reduzido para menos de US$ 18,00, visando escoar mais rapidamente o gado pronto para abate. Também existem os Estados com o mercado bovino controlado, que passarão a ser alvos dos frigoríficos do MS, pois são potenciais consumidores dos miúdos rejeitados pela Portaria 145.
Comércio - João Crisóstomo Cavallero, chefe da Sessão de Sanidade Animal da Delegacia Federal de Agricultura, afirmou que não existe nenhuma preocupação quanto à comercialização da carne bovina do MS, interna e externa, diante das últimas determinações do governo federal. "Nós temos a melhor carne bovina do mundo. Nosso gado é totalmente feito em pastos, sem qualquer tipo de ração. Os industriais e consumidores sabem disso." Em seguida lembrou que o MS enfrentou dois grandes focos de aftosa recentemente. Um deles, em setembro de 98, localizado em Porto Murtinho, na Divisa com o Paraguai. O outro, em fevereiro do ano passado, ocorrido no município de Naviraí, Extremo-Sul do MS.
O primeiro está completamente eliminado. Em Naviraí, ainda acontece o que os técnicos chamam de "limpeza total". Essa limpeza começou com a incineração, em abril último, de 1.300 cabeças e continuou com abates programados em áreas que cercam a região do foco. Foram abatidas, dentro desse processo, 5.000 cabeças, de abril até dezembro passados. O diretor de Operações Sanitárias do Departamento Estadual de Inspeção e Defesa Agropecuária, Antonio Carlos Freitas Ribeiro, esclareceu que houve uma parceria perfeita entre produtores, prefeitos, governo estadual e governo federal no combate à aftosa. Ele garantiu que, atualmente, 97% das 22 milhões de cabeças que formam o rebanho bovino do Estado, estão imunizadas contra a doença.
Para o assessor técnico de pecuária da Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul, Dagmar Rezende, o quadro todo é bastante favorável à pecuária do MS. "Não existe motivo para uma expectativa de aumento no preço da carne bovina dentro do Estado. O processo de desossa, é lógico, tem gasto para o frigorífico, porém, poupa o açougue desse trabalho. Quer dizer que o consumidor final não terá de pagar o aumento", observou.
De um modo geral, comentários no setor agropecuário do MS, são de que há uma tendência especulatória em matéria de reajuste de preço do produto, com a prática da Portaria 145, mas nada de real que justifique aumento de preço em qualquer ponto da linha de produção, pelo menos até a próxima entressafra.