Rio, 15 (AE) - O Ministério Público poderá pedir nos próximos dias a prisão preventiva dos supostos integrantes de uma quadrilha que seria chefiada pelo capitão reformado da Força Aérea Brasileira (FAB) Norberto Novotini, instrutor de vôo da Escola de Pilotagem de Maricá, apontado pela CPI do Narcotráfico como elo do esquema de tráfico de drogas que existiria entre as cidades de Maricá (a 55 km do Rio), Atibaia (SP) e Campinas (SP).
A promotora de Justiça Rosana Barbosa Cipriano de Souza afirmou hoje que deverá pedir a prisão temporária de Novotini, intimado na segunda-feira, caso ele não compareça amanhã (16) ao Fórum de Maricá para depor sobre o caso. Segundo ela, o advogado do capitão alegou que ele estaria viajando e, portanto, não pôde cumprir antes a intimação. "Já notifiquei Novotini, que, em tese, estaria de plantão no aeroporto ontem , mas não foi localizado", disse. "O advogado dele entrou em contato comigo e se comprometeu a apresentá-lo amanhã." A promotora disse também que poderá pedir a prisão temporária de outros suspeitos. Ela não quis revelar nomes para não atrapalhar as investigações.
Novotini começou a ser procurado pela polícia na segunda-feira, quando deputados da CPI estiveram na cidade para ouvir testemunhas sobre a morte do coronel reformado da Aeronáutica Paulo Roberto Machado, assassinado em 30 de abril. O delegado Anestor Magalhães, titular da (89ª DP), acredita na ligação entre a morte de coronel Machado, então diretor da Escola de Pilotagem de Maricá, e a de dois traficantes que atuavam na cidade, entre eles o italiano Franco Peliciota, assassinado quatro dias antes. "A investigação está sendo concluída e, até o fim da semana, teremos novidades", disse o delegado.
Em depoimento reservado à CPI na segunda-feira, o vendedor de aeronaves Plínio Ferreira Filho acusou Novotini e outras dez pessoas - cujos nomes não foram revelados - de participar do esquema comandado por William Sozza, empresário de Campinas. O major Plínio Ferreira, pai do vendedor de aeronaves, foi demitido do aeroclube de Maricá pelo coronel Machado, que colocou Novotini em seu lugar. Novotini não foi localizado pela reportagem para comentar as acusações.
A CPI também já pediu explicações à Aeronáutica sobre a suposta utilização de um avião Bandeirante da FAB, no mesmo período das três mortes, em uma operação "não autorizada" de treinamento no Aeroporto de Maricá, para o descarregamento de caixas de conteúdo desconhecido. No mesmo mês ocorreu o episódio do embarque de 33 quilos de cocaína em um Hércules C-130 da FAB, que partiu da Base Aérea do Galeão com destino à Espanha, mas foi interceptado no Recife.