O Ministério Público do Paraná expediu nesta quarta-feira (2), recomendação administrativa dirigida ao secretário estadual de Saúde, Beto Preto para que sejam adotadas pelo órgão estadual medidas concretas e efetivas de coordenação, planejamento, organização e controle no combate à pandemia de Covid-19 no Paraná. O documento, assinado pelas Promotorias de Justiça de Proteção à Saúde Pública de Curitiba, Cascavel, Londrina e Maringá, considera a competência estadual para tais iniciativas, prevista na legislação do Sistema Único de Saúde (SUS).

Imagem ilustrativa da imagem MP cobra do Governo do Paraná atuação coordenada no controle à pandemia
| Foto: RODRIGO FELIX LEAL/AEN

As Promotorias de Justiça pontuam que alguns municípios do estado têm adotado diferentes medidas restritivas, citando algumas que chegam a decretar “lockdown”, enquanto outras – como a capital, atualmente em “bandeira vermelha” – impõem uma série de limitações de funcionamento de serviços não essenciais. Tais iniciativas, entretanto, são “insuficientes no atual estágio da pandemia que nos assola, pois, não obstante meritórias – não guardam a mesma eficácia, não produzem os resultados qualitativos e quantitativos de prevenção e enfrentamento da Covid-19 somente viabilizados através de atuação coordenada e articulada”, destacam.

Os promotores ressaltam ainda os índices atuais de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva e de enfermaria que chegaram, respectivamente, a 95% e 85%. O atual cenário, concluem, “exige resposta uniforme, convergente, coesa, alinhada, inclusive porque o sistema encarregado de ofertar saúde aos brasileiros é único”.

Convergência

No documento, as Promotorias de Justiça pedem que, especialmente no âmbito regional, sobretudo nas regiões metropolitanas dos maiores municípios do Paraná́ – considerando-se a conurbação que lhes é própria –, sejam adotadas medidas voltadas a inibir a proliferação do coronavírus. Tais ações, ponderam, devem ser efetivas e, no mínimo, harmoniosas, convergentes e coesas, considerando a capacidade instalada dos sistemas de saúde público e privado.

A cobrança por uma atuação coordenada em nível estadual, pondera o Ministério Público, encontra respaldo em diretrizes dos principais organismos de saúde mundiais. “Não adianta alguns municípios se empenharem, se outros não adotam idênticas ou semelhantes posturas. A omissão ou a atuação indevida destes geram impactos em toda a rede de atenção à saúde e justificam, mais do que nunca, agir coordenado, tal como recomendação da Organização Mundial de Saúde especialmente dirigida ao Brasil”, salientam as Promotorias de Justiça.

Óbitos na espera por leitos – Foi concedido prazo de cinco dias para que a Sesa demonstre as medidas adotadas para o cumprimento da recomendação. Também foi solicitado que, no mesmo prazo, o órgão estadual remeta ao Ministério Público os dados relacionados ao número de pessoas que, nos últimos seis meses, morreram enquanto aguardavam na fila de espera a disponibilização de leitos no Paraná.