São Paulo, 20 (AE)- A Motorola começou a fabricar esta semana em Jaguariúna as estações terminais de acesso (Etas) que serão oferecidas em comodato pela Vésper para os novos clientes da tecnologia Wireless Local Loop (WLL). As primeiras unidades que serão instaladas em São Paulo e em outros 16 Estados foram importadas dos Estados Unidos no final do ano passado.
O gerente de marketing e vendas do setor de Soluções de Rede da Motorola, Eulógio Rodriguez, disse à Agência Estado que não pode revelar o volume de produção atendendo a um contrato de confidencialidade com a Vésper. Mas aposta que o investimento, que ele ainda não soube mensurar, vai ser compensado.
"A Motorola confia no mercado brasileiro como um todo"
afirmou Rodriguez. "Agora, falando de Vésper, acreditamos que a quantidade de assinantes venha a justificar o investimento", disse. A Vésper-São Paulo informou que já instalou infra-estrutura para 550 mil linhas, mas a direção da empresa não quis divulgar as metas de clientes.
O presidente da Vésper-SP, Virgílio Freire, atribuiu o alto preço da linha telefônica que será oferecida no Estado ao custo da Eta. Disse que a operadora está subsidiando o equipamento. A linha da Vésper-SP custa R$ 597 e, segundo Freire
o preço da Eta é de R$ 1200. A Vésper S.A., que fará concorrência à Telemar em 16 Estados, cobra, no entanto, menos de R$ 400.
Rodriguez não quis informar o custo do produto, mas negou que seja caro. "O preço que está sendo colocado por uma linha telefônica é estratégia da operadora", afirmou. "Há uma relação com os componentes da rede e a Eta é um deles, mas o preço é uma estratégia da operadora", argumentou.
Segundo o gerente da Motorola, não há diferença entre o preço da Eta no Brasil e no mundo. "O fato de trazer a produção para o Brasil implica alguns benefícios, como o Processo Produtivo Básico", admitiu.
Rodriguez informou que o produto que a Motorola passa a fabricar localmente é o mesmo que está disponível no mundo todo. Mas novos modelos ainda serão lançados este ano, que podem até ter outros preços. "Pode haver modelos mais baratos, mas depende da Vésper", disse.
Ele descartou exportações de Etas no primeiro momento, embora a Motorola tenha instalado uma infra-estrutura de WLL na República Dominicana. "Inicialmente estamos pensando apenas no Brasil", declarou Rodriguez.
A expectativa é de atender outras operadoras no Brasil, como a Global Village Telecom (GVT), que fará concorrência à Tele Centro Sul, e a Telefônica, que está realizando licitação dessa tecnologia. A GVT, no entanto, já instalou sistemas de satélites em vários países e deve utilizar essa solução também no Brasil.
A Motorola está apostando tanto no mercado sem fio que passou a produzir também estações rádio-base (Erbs) para tecnologia CDMA. A unidade industrial de Jaguariúna será um centro de produção mundial, com contratos firmados já com nove países, incluindo os Estados Unidos. "As perspectivas são boas no Brasil", disse Rodriguez. "O ano passado foi muito bom e 2000 também será, no mínimo, equivalente
ou até melhor", acrescentou. Além das novas operadoras que farão concorrência às privatizadas, a Motorola aposta na expansão da cobertura e da digitalização dos sistemas celulares.