A juíza criminal de Cambé, Jessica Valéria Catabriga Guarnier, mandou a júri popular o motorista Ricardo Martins Moraes pela morte de cinco pessoas, uma família inteira - pai, mãe e duas filhas de dois e nove anos - e um idoso de 63 anos em um acidente na PR-445, próximo ao distrito da Warta. A batida entre os três veículos aconteceu no final de 2018. A decisão de encaminhar o caso para o Tribunal do Júri saiu no dia 30 de abril.

A magistrada entendeu que "há indícios de que o condutor possa ter agido com dolo eventual" (termo jurídico que explica quando o réu tem uma atitude consciente de que pode provocar alguma morte). Ela fez essa classificação baseada no contexto da colisão. Segundo a denúncia do Ministério Público, o acusado fez uma ultrapassagem proibida na rodovia e estava bêbado. Uma caixa térmica com embalagens de cerveja foram vistas no interior do carro de Ricardo Moraes.

Imagem ilustrativa da imagem Motorista que provocou acidente com cinco mortes na PR-445 vai a júri popular
| Foto: Arquivo FOLHA

"O simples fato da pessoa embriagada ocasionar acidente de trânsito com vítima fatal não se mostra suficiente, por si só, para evidenciar o dolo eventual. Porém, quando a conduta é cercada de fatores indicativos. mesmo que na órbita da probabilidade, deve haver o julgamento pelo Tribunal do Júri", escreveu Jessica Catabriga Guarnier. A defesa do motorista ainda pode recorrer. Ele será julgado cinco vezes por homicídio e dirigir embriagado, previsto no artigo 306 do Código Brasileiro de Trânsito.

"A família aceitou a decisão, uma vez que, de certo forma, o fato dele ser julgado perante os iguais oportuniza uma sensação de justiça. Vamos continuar insistindo que o Ricardo assumiu o risco de matar quando saiu bêbado e conduzindo em zigue-zague. Várias testemunhas confirmaram essa versão durante os depoimentos", explicou o assistente de acusação, o advogado Lucas Punder.

Interrogado, o rapaz disse que "toma antidepressivos e remédios para dormir". Confessou que estava em um aniversário em uma chácara e ingeriu álcool horas antes do acidente. "Só senti um resvalo. Fiquei desacordado de cinco a 10 minutos dentro do carro". A reportagem aguarda retorno do advogado de Moraes.

Tragédia

Segundo a investigação da Polícia Civil, o Polo de Ricardo bateu no rodado traseiro de um caminhão que seguia sentido Sertanópolis pela PR-445. Ao delegado, o motorista da carreta relatou que perdeu o controle, invadiu a pista contrária da rodovia - entre Cambé e Warta, ela não é duplicada - e bateu frontalmente contra o Megane que transportava as quatro pessoas.

Fernando Afonso Rosa, 44 anos, Adna Simões de Souza, 41, Sofia Afonso Simões, 2, e Poliana Afonso Simões, 9, morreram na hora. Eles foram velados na Igreja Presbiteriana Independente do jardim Piza, zona sul de Londrina, e sepultados no cemitério Parque das Oliveiras, na avenida do Café. A família retornava do interior de São Paulo, onde visitaram parentes. O caminhoneiro morreu no hospital dias depois da batida.

Ricardo Moraes chegou a ser preso preventivamente, mas foi solto graças a um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça do Paraná. Até o júri popular, ele continuará respondendo em liberdade.