O motorista de caminhão envolvido no acidente da BR-277, que matou oito pessoas na noite de domingo (2), Cláudio Alexandre Seroiska, prestou depoimento na Delegacia de São José dos Pinhais na manhã de terça-feira (4). Segundo o delegado Fábio Machado, do Distrito Policial de São José dos Pinhais, que comanda as investigações sobre o acidente, ele estava visivelmente abalado acompanhado de seu advogado e confirmou o que estava nos autos, que a visibilidade estava próxima de zero.

.
. | Foto: Divulgação/PRF

Segundo o delegado, o motorista alegou que a visibilidade atingia cerca de dois metros. “Ele confirmou as informações prestadas pelo perito que prestou assistência no local do acidente, de que a visibilidade era muito baixa no local. A gente perguntou se o motorista teria tomado alguma providência para tentar evitar o acidente e ele confirmou que tentou desviar o caminhão, mas afirmou que naquelas condições era impossível. Ele tirou a direção do caminhão para o acostamento, mas infelizmente as pessoas estavam naquele local e acabaram sendo atingidas.”

O delegado irá prosseguir as investigações para ouvir os responsáveis pela rodovia para saber desde quando a fumaça estava no local e por quê a rodovia não foi interditada antes do acidente. “Todas essas informações serão trazidas na sequência para que nós possamos organizar um inquérito policial que certifique as reais condições no momento do acidente e dar uma resposta devida a este caso.”, destacou o delegado.

O DER/PR (Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná) é o órgão responsável pela inspeção operacional das concessionárias de rodovias. O órgão informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que pediu informações preliminares à Ecovia e elas serão analisadas com as informações da Polícia Rodoviária Federal e Corpo de Bombeiros. O pedido de informações foi feito na segunda-feira, por ofício, e os órgãos possuem prazo de dez dias para responder. Segundo a assessoria, o DER irá aguardar o resultado das investigações da Polícia Civil para solicitar as medidas cabíveis.

A Agepar (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Paraná) ressaltou que solicitou na segunda-feira (3) as informações à PRF (Polícia Rodoviária Federal), ao DER/PR e solicitou imagens das câmeras de segurança da concessionária, que registraram o fluxo na rodovia para apurar as causas da série de colisões com dezesseis veículos de passeio, seis motocicletas e um caminhão, que ocasionaram oito mortes e vinte e dois feridos.

A partir dos relatos de baixa visibilidade gerada por uma queimada próxima do trecho em que ocorreu o acidente e das informações do socorro prestado inicialmente, a Agepar também acompanha as conclusões do Corpo de Bombeiros sobre os fatores que resultaram no grave acidente.

A assessoria destacou que o laudo só será emitido quando a Agepar receber todas as informações e que os órgãos que estão fazendo investigação têm um prazo para levantar as informações para serem repassadas. Segundo a Agepar, é função da concessionária garantir a segurança dos usuários e, caso seja constatada a responsabilidade da Ecovia por não sinalizar adequadamente a rodovia ela pode ser multada, mas o valor que essa multa pode atingir não foi informado.

A reportagem tentou entrar em contato com a Ecovia, com o Corpo de Bombeiros e com a PRF, mas não obteve sucesso.

Em nota divulgada à imprensa, a concessionária Ecovia Caminho do Mar, empresa do grupo EcoRodovias que administra o trecho Curitiba-Litoral da BR-277, além das PRs 407 e 508, “lamenta o grave acidente registrado na noite de ontem (02) no km 77 da BR-277 e se solidariza com as vítimas e seus familiares.”

Segundo a concessionária, “a visibilidade na rodovia ficou prejudicada em função da fumaça gerada por uma queimada fora da faixa de domínio, próximo à BR-277. Isso gerou colisão entre alguns veículos que, em seguida, desocuparam os veículos e permaneceram na rodovia. Uma carreta não conseguiu frear e atropelou algumas destas pessoas, colidindo também com alguns veículos que estavam no local.”

A Ecovia assegura que todas as equipes de plantão da empresa foram imediatamente mobilizadas no atendimento às vítimas e no apoio à Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. “Foram removidos do local 23 veículos, sendo 15 de passeio, cinco motocicletas, um caminhão e uma viatura da Polícia Militar, com a liberação total do tráfego realizada às 5h00 desta segunda-feira (03).”