A morte de uma adolescente com suspeita de dengue e sem comorbidade reacendeu o debate para o perigo da dengue. Em alguns casos, a evolução pode ser rápida e levar à morte. Embora a doença seja epidêmica no Brasil desde os anos 1980, muita gente acredita que ela possa causar apenas os sintomas clássicos, como febre e dores no corpo, sendo muitas vezes confundida com a gripe. Na quinta-feira (13) foi sepultado o corpo da adolescente Sofia Maria Altvater Ramos, 15, em Santo Antônio da Platina (Norte Pioneiro).

A estudante do curso de Alimentos do IFPR (Instituto Federal do Paraná) de Jacarezinho foi diagnosticada com suspeita de dengue na terça-feira (11), no Hospital Nossa Senhora da Saúde, de Santo Antônio da Platina, com quadro de hipotensão (pressão baixa). Durante a madrugada teve pelo menos quatro convulsões e foi transferida para o Honpar (Hospital Norte Paranaense), em Arapongas.

Segundo o Honpar, a entrada no hospital aconteceu no dia 12 e a adolescente morreu no mesmo dia. O pai de Sofia, Alessandro Montanheiro Ramos, preferiu não conversar com a FOLHA.

O diretor-chefe da 19ª Regional de Saúde de Jacarezinho, Antonioni Antenor Palhares, destacou que a sua equipe está investigando o caso, para avaliar como foi o atendimento da adolescente. As informações do prontuário da Honpar apontam que ao chegar à unidade Sofia já havia vomitado algumas vezes e também havia realizado exame de antígeno NS1, conhecido como “teste rápido da dengue”. Esse exame apresentou resultado positivo.

Mesmo com o diagnóstico positivo pelo teste de NS1, ele não é suficiente para confirmar se ela tinha dengue. O sangue de Sofia Ramos foi para o Lacen (Laboratório Central do Paraná), vinculado à Secretaria de Saúde do Estado, que aplica o teste intitulado Multiplex, que pesquisa simultaneamente em uma única amostra do paciente o genoma dos vírus da dengue, da zika e da chikungunya. Outra vantagem do teste é possibilitar a tipagem do vírus da dengue nos tipos 1, 2, 3 e 4 no momento da sua detecção, sem a necessidade de realizar o isolamento viral através do cultivo celular para posterior identificação do tipo viral por IFI (imunofluorescência indireta).

LONDRINA

Em Londrina, são investigadas três mortes de pessoas com idades entre 36 e 45 anos que não tinham comorbidades. Recentemente um outro caso tem chamado a atenção na região. Recentemente a diretora de Vigilância em Saúde em Londrina, Sonia Fernandes, relatou a presença do sorotipo 2 da dengue em Londrina e disse que ele possui a manifestação mais grave e agressiva da doença quando comparado com outros três sorotipos (sorotipo 1, sorotipo 3 e sorotipo 4). Há a possibilidade desse vírus ter sido o causador da morte de Sofia Ramos, mas isso só o exame do Lacen pode determinar.