Um dos nomes mais antigos da comunidade candomblecista de Londrina, Maria Benedita Meneses - conhecida como Ya Katule - morreu na manhã desta segunda-feira (10). Os documentos registram 87 anos, mas segundo a família, a religiosa tinha 96 anos. familiares, amigos e religiosos a destacam pela benevolência e sabedoria, sendo reconhecida por comunidades religiosas de diversas partes do Estado.

O presidente do Conselho Municipal de Igualdade Racial, Welisson Vieira De Aguiar Ogan, lamentou a morte da religiosa. "É um nome importante para a comunidade negra e, em especial, para as religiões de matrizes africanas. Era uma das mais velhas iniciadas de Candomblé de Londrina, extremamente respeitada e conhecida principalmente pela comunidade religiosa", disse.

Velório é realizado no Parque das Oliveiras
Velório é realizado no Parque das Oliveiras

De acordo com Leonardo Vieira, um seguidor próximo à Katule, ela não atendia em um ponto específico em Londrina, mas recebia convites de comunidades vizinhas para as celebrações religiosas. "Ela não tinha barracão aberto. Ajudava todo mundo e nunca quis ter barracão aberto. Ela ajudava nas obrigações, fazia comida para os santos, auxiliava os filhos. Era muito dedicada ao sagrado", contou Vieira.

"Eu tenho 35 anos e a acompanho desde os meus 7 ou 8 anos. É uma amizade de muitos anos. É uma perda inestimável, sempre acolheu a todos. Foi amiga, uma mãe. Era uma enciclopédia viva de conhecimentos sobre a religião. Tenho só gratidão e amor eterno", concluiu.

Katule Fugency morava havia 60 anos na Vila Recreio (região central). Teve o primeiro contato com a religião de matriz africana, a Umbanda, no início dos anos 1960, quando a filha, Maria do Rosário Silva, ficou doente aos 10 anos. "Depois que eu me curei, ela ingressou na Umbanda e, em seguida, deu início ao Candomblé em Londrina. Antes, ninguém conhecia", conta Maria do Rosário, hoje com 71 anos. "Ela ajudou "a fazer" muita mãe de santo na cidade. Todo mundo tem a mão dela", acrescentou.

Ya Katule deixa cinco filhos, mais de 20 netos, além de bisnetos e tetranetos que os familiares não souberam precisar. "É um legado que não morre com ela. A família é muito grande e unida. O que ela nos deixa é um tesouro", ressalta José Lúcio Silva Neto, um dos netos da religiosa.

Mãe Omin, filha espiritual de Ya Katule
Mãe Omin, filha espiritual de Ya Katule | Foto: Gustavo Carneiro

Mãe Omin, filha pequena de Katule há 33 anos, lamentou a perda da referência espiritual. "O céu de Londrina amanheceu triste com a partida da grande Yalorixá . O matriarcado de Londrina chora hoje. Deixa o grande legado. Foi o equilíbrio e a referência para o Candomblé de Londrina e região. Com muita fé e união, temos um caminho a seguir deixado por ela".

O corpo de Ya Katyule está sendo velado na Capela 2 do Parque das Oliveiras, na zona oeste, e o enterro está marcado para as 15h desta terça-feira (11) no Cemitério São Paulo. (Colaborou Celso Felizardo)