Morre marechal-do-ar Casimiro Montenegro Filho, pioneiro do Correio Aéreo Nacional
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sábado, 26 de fevereiro de 2000
Petrópolis, RJ, 27 (AE) - Morreu na madrugada de ontem (27), aos 95 anos, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, onde residia há quatro anos, o marechal-do-ar Casimiro Montenegro Filho. Amigo do brigadeiro Eduardo Gomes, junto com ele, foi um dos pioneiros do Correio Aéreo Nacional (CAN).
Na década de 40, defendia a tese de que, para se formar uma elite capaz de promover e apoiar uma política de desenvolvimento das atividades aeronáuticas, haveria necessidade de se construir um grande centro de ensino, pesquisa e indústria
que seria o alicerce para o progressso tecnológico do País.
Ele levou os planos ao ministro da Aeronáutica na época, Salgado Filho, que decidiu convidar oficialmente o professor Richard Smith, chefe do Departamento de Aeronátuica do Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), consultor do governo americano e figura de projeção no mundo da tecnologia da aeronáutica, para estudar a possibilidade de organização desse grande centro.
Estava lançada a idéia de criação do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), que seria inaugurado em janeiro de 1950, em São José dos Campos, no Vale do Paraíva (SP).
Em 1990, a Associação dos Engenheiros do ITA criou a Fundação Casimiro Montenegro Filho para dar cobertura ao instituto na ampliação e modernização dos recursos humanos e materiais.
Em 2 de dezembro de 1975, quando recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), disse: "Em toda minha vida profissional, jamais acreditei em messianismo, estrelismo, concentração do poder e do
mérito em um só indivíduo. Sempre trabalhei em equipe. E se algum merecimento tenho, é o de ter sabido despertar em meus companheiros o entusiasmo, delegar-lhes autoridade com responsabilidade, exortá-los ao pleno uso de suas potencialidades e qualidades, em proveito do povo brasileiro."
O acadêmico Luís Martins, em crônica sob o título "O antigo "ITA", publicada no dia 5 de dezembro de 1975, neste jornal, disse a certa altura "... Herói, quase lendário, na mocidade, do vôo inaugural do Correio Aéreo Militar, Casimiro Montenegro Filho realizou o seu mais belo e audacioso sonho quando viu tornar-se realidade o ex-Instituto Tecnológico de Aeronáutica, que durante muitos anos orientou e dirigiu".
Ele lutou nas revoluções de 1930 e 1932. Por problemas de saúde, não participou do movimento de 1964. Possuia diversas condecorações e, entre elas, a do Mérito Aeronáutico e a da Ordem da Coroa da Itália.
Conquistou o Prêmio Moinho Santista, na categoria de Engenharia Aeronáutica. Casado com Maria Antonieta Montenegro, deixa cinco filhos e seis netos. O enterro realizou-se ontem à tarde, na Cripta dos Voadores, no Cemitério de São João Batista, no bairro de Botafogo, no Rio.