Curitiba - Começaram a voltar para casa neste sábado (20) os moradores do prédio em Curitiba onde ocorreu a explosão que matou Mateus Lamb, de 11 anos, e feriu três pessoas no dia 29 de junho.

Imagem ilustrativa da imagem Moradores voltam ao prédio onde houve explosão em Curitiba

O edifício, localizado no bairro Água Verde, foi evacuado para perícia e vistorias já no dia do acidente, que ocorreu durante a impermeabilização de um sofá.

Um primeiro laudo emitido no dia 10 de julho por um engenheiro contratado pelo condomínio já havia apontado que o prédio não sofreu danos estruturais. No entanto, houve apenas liberação provisória de acesso para a realização de reparos necessários para a segurança dos moradores, como a recolocação de portas de elevadores e reparos em paredes e janelas.

A volta dos moradores foi liberada nesta sexta (19), após uma nova avaliação da Cosedi (Comissão de Segurança de Edificações e Imóveis), órgão da prefeitura de Curitiba responsável por examinar possíveis situações de risco em edifícios.

O parecer da comissão atestou que todos os reparos exigidos já haviam sido concluídos até o quinto andar. O sexto, onde ocorreu a explosão, continua interditado, juntamente com áreas externas. Uma nova vistoria será feita após as reformas no pavimento, que tem quatro apartamentos.

Os 20 apartamentos com acesso liberado ainda passaram por aferições individuais no sistema de gás antes da entrada dos moradores. “As pessoas estavam ansiosas para voltar. Estávamos com familiares, mas não é o mesmo que estar em casa”, contou à FOLHA o síndico do edifício, Agenor Zanatta, sobre as quase três semanas de interdição.

De acordo com Zanatta, a maioria dos moradores iniciou o retorno já no sábado. Segundo ele, ainda há reparos a serem feitos em instalações como os elevadores, que ainda não foram acionados.

A psicóloga Lucilene de Farias, que morava no segundo andar, estava com uma mudança de endereço marcada já antes do acidente e voltou apenas para retirar seus pertences. Ela contou que ainda há insegurança entre os que retornam, e que as residências ainda passarão por um levantamento de eventuais danos materiais. “Outros estão aliviados”, disse.

Para o síndico, a rotina do prédio começa a voltar à normalidade. “Até o quinto andar, tudo está funcionando como era antes. O que ainda está abalado é o psicológico”, contou Zanatta. “Ainda vai levar muito tempo para apagar, se é que isso se apaga. Acho que vai ficar em nossa memória para sempre”, disse.

VÍTIMAS

O Hospital Universitário Evangélico Mackenzie informou que Caio Santos, o técnico que fazia a impermeabilização no sofá no momento da explosão, recebeu alta hospitalar na manhã desta segunda-feira (22) e seguirá em tratamento ambulatorial. Raquel Lamb permanece no quarto, em “estado delicado”, mas estável e respirando sem ajuda de respirador. Ela teve 55% do corpo queimado e passará por uma cirurgia de enxerto nesta semana. Já seu marido, Gabriel Araújo, pode receber alta ainda nos próximos dias.

INQUÉRITO

A investigação da PCPR (Polícia Civil) sobre o acidente ainda está em andamento. A providência mais recente foi o depoimento do funcionário que fazia a impermeabilização, na última quinta-feira (18). De acordo com o delegado responsável pelo inquérito, Adriano Chohfi, o depoimento entrou em contradição com os depoimentos de Lamb e Araújo, já que Santos informou ter orientado os moradores a não acender nenhuma chama durante a aplicação. A dona do apartamento contou que a explosão ocorreu após o acendimento de um fogão. “Os proprietários disseram que não foi dada nenhuma orientação”, disse o delegado à FOLHA. “Esta questão é um ponto chave para tipificar o crime”, explicou. Os investigadores buscam outras provas além das testemunhas para resolver o caso — que ainda aguarda, também, o laudo pericial do Instituto de Criminalística, além de pareceres da Vigilância Sanitária acerca de alvarás e da natureza dos produtos químicos que podem ter se combinado para causar a explosão. O inquérito deve ser concluído no início de agosto.