A Justiça do Estado do Paraná determinou o fechamento da estrada Terra Roxa, localizada entre Marialva e Mandaguari (Região Metropolitana de Maringá) próxima ao pedágio da BR-376, na última quinta-feira (17). A decisão tem revoltado moradores da região, que têm realizado protestos contra a decisão. O empresário do setor de telecomunicações, Carlos Augusto Ribeiro de Oliveira, afirmou que há quatro anos os moradores da região entraram em um acordo com a Viapar para que a estrada não fosse fechada. “As prefeituras se comprometeram a ceder a entrada da estrada para a Viapar para que instalasse uma cancela e com isso ela conseguiria impedir que pessoas que não pertencessem tanto a Mandaguari como a Marialva utilizassem o trecho como desvio do pedágio”, explicou Oliveira.

“Achei uma baita sacanagem, com todas as letras, porque a gente fez esse acordo da cancela em 2017 e a Viapar ficou trabalhando na surdina em uma ação judicial para bloquear a estrada. Fizeram essa ação judicial correr para frente por motivos que a gente desconhece e, enquanto isso, ficou fotografando veículos de fora passando pela estrada para dizer que a via era uma rota de fuga dos pedágios.”

Segundo um representante do movimento, a prefeitura de Mandaguari não montou a defesa, mesmo depois de ser intimada e notificada e perdeu o prazo para responder os questionamentos da forma correta. Segundo a pessoa, baseado nos elementos que tinha em mãos, o juiz decretou o fechamento da estrada. A assessoria de imprensa da prefeitura refutou esse argumento e relatou que a prefeitura contestou a ação, mas perdeu na Justiça. A assessoria informou que no momento em que conversava com a reportagem os prefeitos de Marialva e Mandaguari estavam em reunião com representantes dos lindeiros, com vereadores e discutindo a criação de um novo movimento chamado "Pedágio aqui não", para que na nova modelagem de concessão de rodovias não seja instalada praça de pedágio em nenhum dos dois municípios.

Oliveira ressaltou que foi uma das 11 pessoas que participou das reuniões por quatro meses em 2017 para negociar a implantação da cancela e o acordo para manter a estrada aberta. “As reuniões eram diárias e tinham dias que eram duas reuniões no mesmo dia.

Segundo ele, existem prejuízos muito grandes para a população local. “Primeiro que a Viapar criou uma cerca entre Mandaguari e Maringá.” Ele explicou que, embora os dois municípios pertençam à mesma região metropolitana, Marialva cresceu mais do que Mandaguari porque não tem esse bloqueio do pedágio dividindo o acesso a Maringá. “Eles só pagam pedágio quando vão à praia. Mas a gente, que é de Mandaguari, depende exclusivamente de Maringá. Não tem hospital aqui, a regional de saúde é em Maringá, os supermercados de grande porte ficam em Maringá. As oficinas com melhor estrutura ficam em Maringá. Não temos farmácia 24 horas. Se precisarmos comprar remédio às 2 horas da manhã não tem como. Tudo é Maringá.” Mandaguari, segundo o IBGE, tem 35 mil habitantes, mas Oliveira reforça que para conseguir o desconto de 80% no pedágio que a Viapar diz que concede aos moradores do município são exigidos inúmeros requisitos que acabam desestimulando as pessoas de requisitar o desconto. “Esse desconto, que nem existia e só foi conseguido mediante os protestos, mas agora até título de eleitor eles estão exigindo. Não basta comprovar que mora em Mandaguari, tem que comprovar que vota também, o que é um absurdo. Ao ver de todo mundo, só de ter placa do município já caracteriza que é do município”, ressaltou.

Os moradores gravaram um vídeo aberto direcionado ao governador contra a decisão e contra o pedágio. “Governador Ratinho, nós, lindeiros da Estrada Terra Roxa, não queremos e não aceitamos mais praça de pedágio aqui em Mandaguari e nem em Marialva, por favor. Há 27 anos que moramos aqui e não aguentamos mais essa coisa. Não queremos mais pedágio em Mandaguari e em Marialva”.

Segundo Oliveira, para os lindeiros, que tiveram seu acesso à estrada fechado, quem vem de Marialva para o sítio dele tem que entrar em Mandaguari fazer o retorno em um balão e voltar para Marialva. "Ainda não somei direito, mas acredito que são cerca de 7 km a mais para entrar no sítio deles com essa volta que agora todos eles são obrigados a percorrer", destacou.

Paralelamente, a Justiça também concedeu reintegração de posse à Viapar em outra ação referente à praça de pedágio e faixa de domínio da rodovia. Aqueles que furarem o bloqueio podem ser multados em R$ 5 mil. A Viapar já instalou uma placa no local informando sobre a decisão.

A reportagem procurou a Viapar, mas a assessoria de imprensa informou que a concessionária não iria se manifestar sobre o assunto.

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