Moradores de Rolândia protestam por justiça
Thiago Bender, 31, morreu após ser baleado por um policial militar durante confusão em posto de gasolina
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sábado, 24 de agosto de 2019
Thiago Bender, 31, morreu após ser baleado por um policial militar durante confusão em posto de gasolina
Viviani Costa - Grupo Folha
"É muita saudade e revolta", definiu o farmacêutico Pedro Paulo Leonel durante o protesto em razão da morte do vendedor de consórcios Thiago Bender, 31. Parentes e amigos da vítima se reuniram na manhã deste sábado (24), em Rolândia, em uma manifestação com pedidos de justiça. Bender foi baleado por um policial militar na madrugada de domingo (18) após uma confusão em um posto de combustíveis em Rolândia.

Conforme amigos do rapaz, Bender e o colega João Victor de Lima estavam no estabelecimento comercial e foram conter uma briga. Ao presenciar a discussão, o PM, que trabalhava como segurança no estabelecimento, teria agredido Bender no rosto. Os rapazes retornaram então para o carro e realizaram uma manobra brusca no veículo. O carro em que eles estavam bateu contra o veículo do PM que teria disparado a arma em seguida. Os dois rapazes foram baleados, mas Bender não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.
João Victor de Lima, também atingido pelos disparos, participou do protesto, mas preferiu não conceder entrevista. Ele informou apenas que ainda não prestou depoimento. A família também não se pronunciou durante a manifestação.
Lucas Bertoco, amigo da vítima, reforçou que Bender teria sido agredido pelo policial. “Estamos em busca da verdade. Há contradições entre o depoimento do policial e das testemunhas que presenciaram tudo isso. Quem chegou agredindo foi o policial que executou o Thiago depois. Ele poderia ter autuado o Thiago em vez de executá-lo”, lamentou.
A noiva da vítima, Polyana Artilha, policial militar em São Paulo, também criticou a ação do PM. “O caso não pode ser esquecido. As pessoas e as autoridades não podem fingir que nada está acontecendo. A gente vai até o final pela justiça. Por lei, é proibido o policial estar aqui fazendo bico como segurança. A gente vê que era uma pessoa totalmente despreparada. Não deu voz de prisão. Ele resolveu executar. Não foi legítima defesa. Foi execução. A gente não vai deixar esse caso virar uma estatística”, afirmou.
Amigos da vítima disseram ainda que o policial não teria se identificado como PM e nem como segurança do posto de combustíveis ao tentar intervir na discussão. “É muita tristeza tudo isso. Os policiais têm treinamento preparatório e passam por testes psicológicos para usar a arma de fogo só em casos extremos. Nesse caso aí o Thiago não tinha defesa nenhuma. Ele foi atingido na cabeça, no braço e no ombro”, comentou a psicóloga Patrícia Costa que participou do protesto.
A Polícia Civil de Rolândia investiga o caso. Funcionários do posto de combustíveis preferiram não conceder entrevista. O soldado Felipe Roberto Chagas foi afastado das funções e teve a arma recolhida.
No Boletim de Ocorrência, o soldado conta que estava abastecendo o próprio veículo quando teria se deparado com uma briga no posto de combustíveis. Ao tentar separar os envolvidos, o PM teria sido agredido por Bender. Ele e o amigo entraram no carro e, em alta velocidade, teriam atropelado o policial e batido no carro estacionado do PM. Chagas disparou contra os rapazes em seguida para “cessar a injusta agressão”.
O advogado de Chagas, Eduardo Miléo, nega que o policial trabalhava como segurança no posto de combustíveis. “Isso é uma discussão inócua. Ainda que supostamente o policial estivesse trabalhando como segurança, ele não poderia defender a própria vida?”, argumentou. Gravações de áudio obtidas pela defesa do PM devem ser entregues para perícia.

