Após as recentes reclamações por conta do gosto e do cheiro da água disponibilizada pela Sanepar, um novo problema vem tirando o sossego de moradores da zona norte de Londrina. Pelo menos mil famílias que vivem em três condomínios residenciais no Jardim Maria Celina estão enfrentando problemas com a falta d’água desde o dia 24 de dezembro, véspera de Natal.

Karina Bueno, síndica dos condomínios verticais Trancoso e Flor de Lótus e representante do condomínio horizontal Viva Londrina, todos localizados na rua Rosalvo Marques Bonfim, explica que o primeiro sinal de que o abastecimento da água não estava normal ocorreu em 23 de novembro, uma vez que a vazão estava menor do que a de costume. Já no domingo (24), por volta das 17h, ela recebeu ligações de moradores afirmando que a água já não estava mais saindo das torneiras.

A síndica abriu um protocolo na Sanepar, mas o site da concessionária dizia que a falta d’água era uma situação emergencial por conta da chuva do dia anterior, em que houve uma queda de energia. O principal problema apontado por ela foi que muitos moradores precisaram desmarcar compromissos ou comemorações, já que “não tinha água nem para tomar um banho”.

Na segunda-feira (25), dia de Natal, a água retornou, mas pelo fato de a caixa d’água estar vazia e a grande maioria dos moradores estarem em suas casas, ela não conseguia encher para normalizar a situação. Na terça-feira (26), a falta de água voltou a afetar os mais de mil moradores dos condomínios. Ao procurar à Sanepar, ela conta que recebeu justificativas para a falta de água, que vão desde a queda de energia até o fato de que os condomínios ficam em uma região próxima ao final da avenida Saul Elkind, sendo as últimas pessoas a receberem água.

Por conta das cobranças, Bueno conta que a Sanepar enviou três caminhões-pipa para abastecer os condomínios Flor de Lótus e Trancoso, sendo que cada um comporta 20 mil litros, na noite de terça-feira. Para o Viva Londrina não foi necessário, já que a distribuição da água estava normalizada pelo fato de ser um condomínio de casas.

A Sanepar enviou novos caminhões-pipa durante esta quarta-feira (27), mas a falta de água, aponta Bueno, tem acontecido apenas após às 19h, sendo o momento em que a maior parte dos moradores dos condomínios chega do trabalho.

“Você vê famílias que trabalharam o ano inteiro e não puderam estar com suas famílias no dia 24 [de dezembro, véspera de Natal]. E se acontecer tudo de novo no Ano Novo?”, questiona. Além disso, a preocupação da síndica é que dois novos empreendimentos residenciais estão sendo construídos na rua Rosalvo Marques Bonfim, o que vai aumentar ainda mais o consumo de água na região. “Nós estamos no final da estação, nós somos os últimos a receberem água”, pontua.

SANEPAR

Em nota, a Sanepar disse que o abastecimento de água na região do condomínio Flor de Lótus deveria ser normalizado ainda nesta quarta-feira. Segundo a concessionária, as “equipes técnicas localizaram nesta data um vazamento oculto, que exigiu um trabalho minucioso de pesquisa em uma grande região. Este vazamento estava influenciando a pressão da rede e dificultava a entrada d'água no reservatório do condomínio”.

Questionada sobre o relato da síndica, a Sanepar, através da sua assessoria, disse que a região não estava desabastecida, apenas registrou baixa pressão nos dias anteriores, fazendo com que houvesse dificuldade em encher a caixa d'água dos condomínios. De acordo com a assessoria, a falta d´'agua teria ocorrido apenas nesta quarta-feira para que os reparos necessários fossem realizados.

Sobre a demanda de água na região, a Sanepar disse que vem sendo feita uma obra de ampliação no sistema de abastecimento de Londrina, que inclui um novo centro de reservação de água na avenida Saul Elkind. Com um investimento de mais de R$ 180 milhões, a concessionária garante que a obra vai “ofertar maior volume de água para atender a demanda atual e futura nas regiões Norte, Sul e Leste da cidade”.