Buenos Aires, 06 (AE) - Mil novecentos e noventa e nove será lembrado como um ano negro para a indústria automotiva argentina. Segundo a Associação de Fabricantes de Automóveis (ADEFA), no ano passado, a produção das montadoras neste país caiu 33,4%.
Somente 304.913 veículos foram produzidos nas onze montadoras espalhadas na Argentina. Nem o "Plan Canje", a versão argentina do plano de renovação da frota, conseguiu impedir um ano de queda, apesar de ter proporcionado a venda de 78.000 unidades.
Em dezembro de 1999, as vendas aumentaram um surpreendente 120 8%, em relação a dezembro de 1998. No entanto, esse crescimento foi somente fruto de uma produção maior destinada a atender pedidos antigos do "Plan Canje".
"Há um provérbio russo que diz que depois da tempestade não vem a bonança, vem a inundação", disse à Agência Estado um executivo de uma montadora européia na Argentina, ilustrando que para o ano 2000 não possui expectativas positivas.
No mercado interno, seriam fatores de maior redução da produção a recessão que atinge o país desde 1998, e o pacote tributário em ação desde o primeiro dia deste ano.
Os novos impostos aumentariam de 1,2% a 4,7% os preços dos veículos que estão entre US$ 15.000 e US$ 23.000. Segundo a Associação de Concessionários de Automóveis, os novos impostos causarão uma queda de 10% nas vendas.
No mercado externo, as expectativas também são sombrias: o estancamento das discussões sobre o regime automotivo, somados ao recente alerta do Brasil de que poderia colocar uma tarifa alfandegária de 35% para a entrada de automóveis deste país, caso a prorrogação do regime automotivo argentino passe de 60 dias, causam temor pelo futuro das montadoras locais.
As exportações também tiveram um péssimo ano, o pior desde a crise mexicana: em 1999 venderam 58,6% a menos do que em 1998, o que representou vendas ao exterior de somente 98.362 unidades.
Desta forma, foi interrompida a contínua expansão das exportações ocorridas desde 1995. A queda foi atribuída à recessão do Brasil, país para onde as montadoras argentinas destinam mais de 90% de suas vendas ao exterior.
Segundo a Adefa, a Renault foi a primeira colocada nas vendas no país, conseguindo 19,2% do total, com 70.231 automóveis e utilitários vendidos. A segunda colocada foi a Fiat, com 16,1% das vendas, o equivalente a 58.819 veículos. A terceira foi a Ford, com 15,3% das vendas, ou, 55.900 veículos.
O modelo mais vendido na Argentina foi o Gol, da Volkswagen, lugar que vem mantendo desde 1996. Em 1999, foram vendidas 28.003 unidades desse modelo.