Depois de anunciar a suspensão do atendimento no pronto-socorro por três dias como medida para conter um possível surto de Covid-19, a diretoria do Hospital Evangélico de Londrina explicou que pacientes vão ser remanejados para que seja feita uma desinfecção completa no setor. Atualmente, a instituição tem oito pacientes internados com diagnóstico positivo para a Covid-19 e outros quatro que ainda aguardam os resultados dos exames. O Evangélico é a segunda instituição hospitalar de Londrina a adotar o fechamento preventivo.

Imagem ilustrativa da imagem Momento “crítico” exige ainda mais cooperação entre instituições de saúde

Enquanto a suspensão do atendimento torna-se fundamental, uma vez que a Covid-19 tem alto índice de transmissibilidade, a falta de 45 vagas no pronto-socorro acaba “pressionando” ainda mais o sistema de saúde da Região Metropolitana de Londrina. Ao lado da Santa Casa, a instituição serve como “retaguarda” para o atendimento de rotina, enquanto o HU (Hospital Universitário) da UEL (Universidade Estadual de Londrina) é referência para os pacientes com a Covid-19.

A diretora superintendente do HU, Vivian Feijó, avaliou que a instituição terá que “retomar” uma maior participação no atendimento de urgência e emergência. “Nós contamos com o apoio dos serviços de atendimento secundário, dos hospitais de Cambé, Rolândia, Ibiporã, o próprio Honpar (Hospital Norte do Paraná), Cornélio Procópio e Apucarana para que possamos ter a macrorregião encaminhando alguns doentes para estes hospitais na tentativa de diminuir a sobrecarga do HU e para que possamos manter a referência de forma segura”, avaliou.

Sobre a inauguração do hospital de campanha, anunciado no início de abril e que terá 120 leitos, Feijó não estipulou um prazo para a entrega completa, mas explicou que a totalidade dos equipamentos já está em processo de entrega e as ações administrativas para a contratação de servidores já estão encaminhadas. Entretanto, ela lembrou que haverá inicialmente uma expansão no pronto-socorro do HU em dez leitos de UTI, além de 20 leitos para pacientes com quadro moderado, programada para a primeira quinzena de junho. Essa é a primeira fase da implantação do hospital de campanha. "E assim vamos liberando os outros leitos conforme a entrega dos recursos materiais e disposição de recursos humanos", explicou.

Na Região Metropolitana de Londrina, o Honpar, em Arapongas, e o Hospital da Providência, em Apucarana, já vinham recebendo solicitações para o atendimento de pacientes encaminhados pelas regionais de saúde de Londrina, Apucarana, Cornélio Procópio e Maringá.

Segundo o diretor administrativo do Honpar, Montgomery Pastorelo Benites, o hospital conta com 40 leitos de enfermaria voltados para a Covid-19 e, destes, 25 estão ocupados por pacientes com a suspeita da doença. Já dos 20 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), 14 estão ocupados majoritariamente por idosos. Destes, cinco pacientes necessitam da ventilação mecânica.

Também de acordo com Benites, 13 pacientes deram entrada na instituição na tarde desta terça-feira (26) após encaminhamentos de unidades de saúde de Londrina (2), Rolândia (3), Jaguapitã (1), Santo Antônio da Platina (1) e Cornélio Procópio (6). “Já estávamos atendendo e esses que chegaram agora vão fazer a triagem, o diagnóstico, e pode ser que descarte um caso ou outro. Ontem (segunda) dois pacientes de cerca de 80 anos deixaram de necessitar da ventilação, uma vitória muito importante”, comemorou. Questionado sobre “baixas” no quadro de funcionários, o diretor afirmou que em uma ala de 45 servidores, apenas dois precisaram ser afastados.

A Santa Casa de Londrina retomou o atendimento no pronto-socorro no dia 18 de maio. Entretanto, teve que reduzir a capacidade para 12 leitos na tentativa de evitar nova superlotação, o que poderia intensificar o surto de coronavírus registrado na semana passada, que causou o afastamento de 95 funcionários. Destes, 15 haviam sido diagnosticados com a Covid-19.

Na tarde desta terça-feira, a assessoria de comunicação da Iscal (Irmandade Santa Casa), informou que 12 funcionários afastados puderam retornar ao trabalho sendo que dois novos afastamentos foram necessários. Além disso, 61% dos 75 leitos destinados ao SUS (Sistema Único de Saúde) estavam ocupados, o que representaria uma “média” dos últimos dias. Quatro pacientes confirmados para a Covid-19 estão internados na instituição e dois aguardam os exames. Já no início de abril, 59 funcionários com mais de 60 anos haviam sido afastados.

A reportagem não obteve retorno ao pedido de entrevista com o secretário de Saúde de Londrina, Felippe Machado.

PS do Evangélico passará por desinfecção

De acordo com o gerente médico do Hospital Evangélico, Rodrigo Bettega, a ala de pronto-atendimento da instituição passará por uma desinfecção completa, uma vez que recebeu na noite desta quinta-feira (21) um idoso de 84 anos transferido de Santo Antônio da Platina pela Central de Leitos da 17ª Regional de Saúde. Diagnosticado com pneumonia, sepse e embolia pulmonar e com exame inicial negativo para a Covid-19, o idoso teve a contaminação pelo novo coronavírus confirmada na noite de segunda-feira (25), quando o hospital de origem entrou em contato com o Evangélico.

Atualmente, oito pacientes confirmados para o novo coronavírus estão sendo atendidos no hospital, sendo quatro na UTI. Outros quatro pacientes com a suspeita seguem internados aguardando o resultado dos exames.

Segundo o gerente, as próximas 72 horas serão de muito trabalho no hospital, o que envolve a testagem de todos os funcionários e o encaminhamento dos pacientes que estavam no PS, seja para cirurgias ou outras alas da instituição, o que vai permitir a limpeza. Desde o início da pandemia em Londrina, 25 funcionários do Evangélico precisaram ser afastados com suspeita de Covid-19 e dois permaneciam internados. A maioria já retornou ao trabalho, segundo o hospital. Desde a passagem do idoso pelo pronto atendimento, novos afastamentos não foram necessários, completou Bettega.